Não somos os únicos. Muitos primatas engordam demasiado, tal como os seres humanos, revela um novo estudo.
Durante muito tempo, os cientistas atribuíram o nosso estatuto de “primata mais gordo” a genes que nos ajudam a armazenar gordura de forma mais eficiente ou a dietas sobrecarregadas de açúcares ou gordura.
Contudo, um novo estudo de 40 espécies de primatas não humanos revela que muitos deles engordam tão facilmente como nós, independentemente da dieta, do habitat ou das diferenças genéticas. Tudo o que precisam é de comida extra.
Herman Pontzer analisou medições de peso de 40 espécies de primatas não humanos – cerca de 3500 indivíduos no total – que vivem em jardins zoológicos, instalações de investigação e na natureza.
Muitos tinham excesso de peso em cativeiro: fêmeas de 13 espécies e machos de seis espécies tinham, em média, massas corporais relativas 50% mais pesadas em cativeiro do que os seus homólogos na natureza.
Numa fase posterior, Pontzer analisou cerca de 4400 adultos norte-americanos com uma dieta ocidental e adultos de nove populações de subsistência que ainda se alimentam, caçam e cultivam os seus próprios alimentos.
A análise permitiu descobrir que as pessoas nos Estados Unidos são, em média, 50% mais pesadas do que as pessoas das populações de subsistência – o mesmo rácio observado em primatas em cativeiro.
Os resultados sugerem que, embora a genética possa tornar alguns indivíduos mais propensos à obesidade, “não há nada de especial na quantidade de peso que ganhamos enquanto espécie”, concluiu o investigador.
Da mesma forma, a culpa não pode ser atribuída aos hidratos de carbono, nem a qualquer alimento ou dieta em particular. Os primatas em estado selvagem ingerem muito mais hidratos de carbono – sob a forma de fruta, folhas e outras plantas – do que os de cativeiro, que consomem uma ração rica em proteínas e calorias.
Apesar das diferenças no exercício físico, ambos os grupos queimam o mesmo número de calorias diariamente, pelo que os primatas em cativeiro não têm excesso de peso por serem sedentários.
O artigo científico, publicado na Philosophical Transactions of the Royal Society B, sugere que os primatas em cativeiro podem ser um bom modelo para a obesidade humana e um caminho para encontrar novas formas de a tratar.