Somos o resultado de vários cruzamentos. Um novo estudo revela que os nossos antepassados se cruzaram não com uma, mas com duas populações diferentes do homem de Denisova.
Os nossos genes apresentam traços dos Neandertais o que indica que, no passado, os Homo sapiens tiveram filhos com esses nossos parentes próximos, dando origem aos Homo neanderthalensis.
Da Grã-Bretanha ao Japão, os genes neandertais estão presentes no genoma de várias pessoas. Rostos largos, queixos pequenos e sobrancelhas salientes são características particulares dessa espécie que se prolongaram até ao dia de hoje.
Mas os nossos genes carregam também as marcas dos nossos encontros com diferentes populações do homem de Denisova. O ADN extraído de fragmentos de indivíduos encontrados numa caverna, no sul da Sibéria, forneceu evidências de que também possuímos traços genéticos destes antigos hominídeos.
Uma equipa de cientistas descobriu agora um terceiro evento de cruzamento interespécie, aumento assim a nossa mistura genética. O novo estudo, publicados recentemente na Cell, utilizou um novo método de análise genética para comparar um genoma inteiro do homem de Denisova.
“É surpreendente que possamos analisar a história humana através dos dados genéticos de humanos atuais e determinar alguns dos eventos que aconteceram no passado”, disse a professora de investigação do Departamento de Bioestatística da Universidade de Washington e autora do estudo, Sharon Browning, à CNN.
Neste estudo, os investigadores encontraram dois episódios distintos da mistura do homem de Denisova, que vêm assim acrescentar dados ao que já era conhecido sobre o contributo dos neandertais no ADN dos humanos modernos, escreve o Diário de Notícias.
Na investigação, todos os grupos possuíam ADN neandertal; algumas populações possuíam também traços genéticos que correspondiam a denisovans das Montanhas Altai, mas a principal surpresa estava na existência de um terceiro grupo de genes arcaicos, diferente do ADN neandertal e apenas parcialmente parecido com o ADN dos denisovans das Montanhas Altai.
Para já, a explicação dada pelos especialistas é de que, à medida que os seres humanos ancestrais migraram para o leste, encontraram duas populações diferentes de denisovans. Uma delas, no norte, aparece em pessoas da China, Japão e Vietname. A outra deixou a sua marca genética mais a sul, em populações do sudeste da Ásia.
“Fica também claro que havia populações distintas de Denisovanos, em vez de uma única população”, refere Browning. “O facto de que as duas populações terem divergido sugere que estas não se misturavam muitas vezes entre si, talvez devido à separação geográfica”.
Métodos semelhantes aos que foram utilizados neste estudo podem revelar ainda mais misturas genéticas no nosso ADN. Browning e os colegas não se ficam por aqui e querem estudar outras populações, de modo a encontrar indícios da mistura de outras espécies.
ZAP // HypeScience