Hugo Soares está “de corpo e alma” com Paulo Rangel

Manuel de Almeida / Lusa

Hugo Soares, ex-líder parlamentar do PSD

O antigo líder parlamentar do PSD declarou, esta segunda-feira, o seu apoio a Paulo Rangel na candidatura à liderança do partido, considerando que a estratégia defendida pelo atual líder “não serviu o partido e o país”.

Em entrevista ao programa “Sob Escuta”, da Rádio Observador, Hugo Soares revelou publicamente o seu apoio a Paulo Rangel, dizendo estar “de corpo e alma” com a sua candidatura.

“Estou de corpo e alma na candidatura de Paulo Rangel, a apoiá-lo e mobilizado para o combate que o país precisa. (…) Estou empenhadíssimo em que possa ser primeiro-ministro de Portugal. Disso não tenham dúvidas”, afirmou.

Questionado sobre se essa disponibilidade passa por colaborar diretamente na candidatura do eurodeputado, ou até mais tarde integrando uma direção ou um Governo, o ex-líder parlamentar social-democrata explicou que isso “não tem a ver nem com lugares nem com integrar qualquer tipo de cargo dirigente”.

“Tem a ver com uma convicção plena de que é preciso que o PSD ganhe as próximas eleições legislativas. E repito: isto não se coloca só no plano do partido. O PSD é muito importante – é o maior partido português e o maior partido da oposição –, mas só é importante se puder exercer o poder e transformar a sociedade portuguesa. E daí a minha convicção e o meu apoio a Paulo Rangel. Tudo o resto são coisas que não se colocam neste momento da nossa conversa”, declarou.

Sobre os resultados do partido nas eleições autárquicas, Hugo Soares não escondeu que Rui Rio “teve o mérito de escolher os candidatos que venceram”, no entanto, considerou mesmo assim que o “PSD voltou a ter um mau resultado e isso não invalida que o PSD não deva procurar uma alternativa interna capaz de ser Governo em Portugal”.

O social-democrata está “absolutamente convencido” de que a estratégia defendida pelo atual líder “não serviu o partido” e “não serviu o país” e que, por sua vez, a estratégia que Rangel defende é aquela que defende “há cerca de três anos”.

“O PSD não pode ser uma espécie de muleta do PS, nem estar à espera que o poder lhe caia na mão. O PSD tem de ter uma oposição firme e convincente, mas mais do que isso: deve ter um projeto e um modelo alternativo de governação. E estou absolutamente convencido que é isso que vai sair destas diretas no partido”, afirmou.

Relativamente à data das já previsíveis eleições antecipadas, Hugo Soares considerou que “o Presidente da República deve atender a todas as circunstâncias políticas que estão no panorama e no espaço público para poder tomar uma decisão que defenda sobretudo o interesse nacional”.

“É evidente que aquilo que está a acontecer nos partidos, seja no PS, que está com a sua liderança estabilizada, seja nos partidos mais à direita e do centro-direita como é o PSD, onde a questão da liderança está a ser disputada, deve ser tomada em consideração pelo Presidente da República. Acho toda esta discussão um pouco estéril. Se o Presidente não atende ao que está a acontecer nos partidos, atende ao quê?”, questionou.

Na sua opinião, o chefe de Estado “deve ter total liberdade para decidir, olhando para o que está a acontecer”, considerando que isso não significa que “esteja a fazer um frete a nenhum candidato”. “Nós sabemos que o Presidente da República não faz fretes a candidatos partidários. Nunca fez. Nenhum Presidente o fez”, declarou.