Em celebração do 29.º aniversário do lançamento do Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA, os astrónomos capturaram este olhar festivo e colorido da Nebulosa do Caranguejo do Sul.
A nebulosa, oficialmente conhecida como Hen 2-104, está localizada a vários milhares de anos-luz da Terra na direção da constelação do hemisfério sul de Centauro.
Parece ter duas estruturas aninhadas em forma de ampulheta que foram esculpidas por um par de estrelas num sistema binário. O duo consiste de uma estrela gigante vermelha envelhecida e uma estrela moribunda, uma anã branca. A gigante vermelha está a derramar as suas camadas externas. Parte deste material ejetado é atraído pela gravidade da anã branca companheira.
O resultado é que ambas as estrelas estão embebidas num disco plano de gás que se estende entre elas. Esta cintura de material restringe o fluxo exterior de gás, de modo que apenas se desloca para cima e para baixo do disco. O resultado é uma nebulosa em forma de ampulheta.
As bolhas de gás e poeira parecem mais brilhantes nas bordas, dando a ilusão de estruturas em forma de pernas de caranguejo. Estas “pernas” são provavelmente os locais onde o fluxo choca com o gás e com a poeira interestelar circundante, ou possivelmente material que foi perdido anteriormente pela estrela gigante vermelha.
O fluxo pode durar apenas alguns milhares de anos, uma fração minúscula do tempo de vida do sistema. Isto significa que a estrutura externa pode ter apenas milhares de anos, mas a ampulheta interna deve ser um evento de fluxo mais recente. A gigante vermelha acabará por colapsar para se tornar numa anã branca. Seguidamente, o par sobrevivente de anãs brancas irá iluminar uma concha de gás a que chamamos nebulosa planetária.
O objeto foi relatado pela primeira vez no final da década de 1960, mas assumiu-se que era uma estrela comum. Em 1989, os astrónomos usaram o Observatório La Silla do ESO, no Chile, para fotografar uma nebulosa estendida em forma de caranguejo, formada por bolhas simétricas.
Estas observações iniciais apenas mostraram a ampulheta exterior emanada da região central brilhante. O Hubble fotografou o Caranguejo do Sul em 1999 para revelar complexas estruturas aninhadas. Estas últimas imagens foram obtidas em março de 2019 com um amplo conjunto de filtros do mais recente e nítido detetor do telescópio espacial, o WFC3 (Wide Field Camera 3). Esta imagem é uma composição de observações feitas em várias cores que correspondem aos gases incandescentes na nebulosa. O vermelho é o enxofre, o verde é hidrogénio, o laranja é azoto e o azul é oxigénio.
O Hubble foi lançado no dia 24 abril de 1990, a bordo do vaivém espacial Discovery. A partir do seu “poleiro” em órbita da Terra, longe dos efeitos distorcidos da atmosfera do nosso planeta, o Hubble observa o Universo no ultravioleta próximo, no visível e no infravermelho próximo. Ao longo dos últimos 29 anos, as descobertas do telescópio espacial revolucionaram quase todos os campos da astronomia e da astrofísica.
Entre os feitos mais importantes do Hubble estão as vistas mais profundas do Universo em evolução, a descoberta de discos de formação planetária em redor de estrelas próximas, o estudo da química das atmosferas de planetas em torno de outras estrelas, a identificação do primeiro buraco negro supermassivo no coração de uma galáxia vizinha e evidências de um universo em aceleração, impulsionado talvez por alguma fonte desconhecida de energia no tecido do espaço.
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