A Associação Venezuelana de Clínicas e Hospitais (AVCH) pediu às autoridades que declarem o setor em “emergência humanitária” devido à “grave falta” de equipamentos, matérias-primas e medicamentos, alertando que mais de 6 mil pacientes esperam por operações.
“Estamos a passar por uma crise humanitária. Trata-se da vida de seres humanos, de doentes. A saúde não tem ideologia [política] e estamos obrigados a atender todos. (…) O problema no setor saúde é extremamente grave. Há mais de seis mil pacientes à espera para serem operados”, descreve Cristino García Doval, presidente da AVCH.
O responsável afirma que o problema da carência de matérias-primas deriva da enorme dívida com fornecedores estrangeiros que abastecem 90% dos materiais e fármacos usados pelo setor, cujo pagamento tem sido dificultado pelas leis cambiais vigentes no país.
“Acumulámos uma dívida, na área de matérias-primas, que está à volta dos 363 milhões de dólares (272,9 milhões de euros) e na área dos fármacos, drogas e produtos terminados a dívida ascende a 970 milhões de dólares (729,3 milhões de euros). Isso motivou o fim do crédito e a perda de credibilidade”, declarou.
Segundo a AVCH, em julho passado foi entregue ao parlamento venezuelano um extenso relatório sobre a situação, que continha ainda detalhes sobre as preocupações do setor.
Desde 2003 que vigora na Venezuela um apertado sistema de controlo cambial que impede a livre obtenção de moeda estrangeira no país, obrigando os importadores a recorrerem ao Centro Nacional de Comércio Exterior, a fim de obterem autorização para aceder a dólares para pagar as importações.
São cada vez mais frequentes as queixas de cidadãos de dificuldades para conseguir medicamentos para várias doenças e dos laboratórios sobre atrasos na atribuição de dólares para conseguir as matérias-primas.
/Lusa