Hospitais contam emails e telefonemas a doentes como consultas

Os emails e telefonemas estão a ser contabilizados como telemedicina pelos hospitais portugueses.

Isto tem vindo a acontecer depois de, no ano passado, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) ter instruído os hospitais públicos para passarem a registar como teleconsulta os contactos telefónicos e por email entre médico e doente.

O Jornal de Notícias avança que isto levou a que os números sobre a prestação de serviços de telemedicina tenham disparado, sejam pouco fiáveis e esteja instalada a confusão.

Eduardo Castela, presidente da Associação Portuguesa de Telemedicina e pioneiro no conceito de medicina à distância, fala em “salada russa”. Castela lembra que o seu pai também era médico e falava ao telefone com os pacientes, mas isso não significava que fazia telemedicina.

A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) recomenda a clarificação urgente dos conceitos junto dos hospitais, alertando que encontrou inconsistências entre os dados disponibilizados no Portal da Transparência do SNS e os números fornecidos pelos hospitais.

Os dados do Portal do SNS revelam que o número de consultas de telemedicina aumentou cerca de 49% entre 2019 e 2020 e, depois, dá um salto de 697% de 2020 para 2021.

Por sua vez, os hospitais apresentam números muito diferentes. De 2019 para 2020, registaram um aumento de 214% na atividade das teleconsultas e de 465% nas consultas médicas sem a presença do utente. De 2020 para 2021, tiveram um aumento de 158% nas teleconsultas e uma redução de 13% nas consultas médicas sem o utente.

Segundo a ERS, o alargamento do conceito de teleconsulta explica o disparo das consultas de telemedicina.

Na prática, passou a incluir os contactos por email e telefone e a teleconsulta em tempo real deixou de implicar a presença de um médico, junto do doente, explica o JN.

“Contabilizar todos os contactos com os utentes como telemedicina parece-me que só tem o intuito de mostrar serviço e os números não traduzem a realidade”, disse Eduardo Castela ao jornal.

ZAP //

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