Uma equipa de cientistas descobriu diferenças específicas entre o género feminino e masculino nas células nervosas que geram dor, abrindo caminho a tratamento personalizados de controlo da dor.
Num novo estudo, publicado este mês na Brain, os investigadores identificaram diferenças funcionais entre os géneros nas células nervosas especializadas que produzem a dor.
“Este estudo representa um grande avanço na compreensão da forma como a dor pode ser produzida em homens e mulheres”, diz o autor principal do estudo, Frank Porreca.
“Os resultados do estudo foram consistentes e apoiam a conclusão de que os nociceptores, os elementos fundamentais da dor, são diferentes nos homens e nas mulheres — o que proporciona uma oportunidade para tratar da melhor maneira a dor em homens ou mulheres, e é isso que estamos a tentar fazer”, acrescenta o investigador.
Segundo o SciTechDaily, os investigadores centraram o seu estudo nas células nociceptoras localizadas perto da medula espinhal. Estas células, quando ativadas por danos ou lesões, enviam um sinal através da espinal medula para o cérebro, que resulta na perceção da dor.
No seguimento de investigações anteriores, diferenças inesperadas entre homens e mulheres levaram a equipa a analisar duas substâncias para este estudo – a prolactina e a orexina B.
Os cientistas utilizaram amostras de tecidos de ratos machos e fêmeas, de primatas e se seres humanos para testar o efeito destas duas hormonas nos limiares de ativação dos nociceptores, que permitem que estímulos de baixa intensidade produzam dor.
“Quando adicionámos as substâncias sensibilizadoras que reduzem estes limiares de ativação, descobrimos que a prolactina apenas sensibiliza as células femininas e não as masculinas, e a orexina B apenas sensibiliza as células masculinas e não as femininas”, afirma Porreca.
Além disto, também bloquearam a sinalização da prolactina e da orexina B de modo a analisar o efeito sobre o limiar de ativação dos nociceptores.
O bloqueio da sinalização da prolactina reduziu a ativação dos nociceptores nas mulheres e não teve qualquer efeito nos homens, enquanto o bloqueio da sinalização da orexina B foi eficaz nos homens e não nas mulheres.
As descobertas sugerem uma nova forma de abordar o tratamento das condições de dor, muitas das quais são prevalecentes nas mulheres.
A equipa vai agora continuar a procurar outros mecanismos dimórficos da dor, baseando-se neste estudo para procurar formas viáveis de prevenir a sensibilização nos diferentes nociceptores.