“Um líder visionário”. A homenagem da ONU a Jorge Sampaio

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unaoc / Flickr

O ex-Presidente da República, Jorge Sampaio

A Organização das Nações Unidas (ONU) prestou, esta segunda-feira, homenagem ao antigo Presidente português.

Na cerimónia coorganizada em Nova Iorque pela Missão de Portugal junto da ONU e pela Aliança das Civilizações (UNAOC), de que Jorge Sampaio foi o primeiro alto representante entre 2007 e 2013, vários dignitários internacionais prestaram tributo ao ex-chefe de Estado português, falecido aos 81 anos, a 10 de setembro.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou o “legado excecional” do ex-Presidente, devotado a “causas nobres e a melhorar as vidas de pessoas em todo o mundo”.

O antigo chefe de Estado foi um “cidadão global e multilateralista”, um “líder visionário” e, acima de tudo, um “homem bom” que se dedicou a “causas nobres” e a “melhorar a vida das pessoas”, disse ainda Guterres.

“Jorge Sampaio foi um arquiteto bem-sucedido de um importante mecanismo das Nações Unidas. O objetivo da Aliança é simples e complexo, promover diplomacia preventiva e construir pontes de diálogo e compreensão entre culturas e religiões. Este esforço é de grande importância ainda hoje”, declarou.

“Portugal perdeu um líder extraordinário, um dos seus melhores, o mundo perdeu um estadista que será lembrado pela sua compaixão, empatia e sabedoria. Jorge Sampaio deixou um impressionante legado”, afirmou também o secretário-geral da ONU, citado pelo Diário de Notícias.

“A solidariedade não é facultativa, é um dever”

O Presidente da Turquia e cofundador da Aliança das Civilizações, Recep Tayyip Erdogan, afirmou num depoimento vídeo que Sampaio “trabalhou incansavelmente para transformar a Aliança numa estrutura dedicada à paz global” e que com a sua liderança esta tornou-se numa “componente crucial do sistema das Nações Unidas”.

“Numa altura em que a islamofobia, o racismo, o antissemitismo e a xenofobia estão em crescimento, a visão e valores da UNAOC são mais necessários que nunca”, acrescentou ainda o Presidente turco.

O atual alto representante da UNAOC, Miguel Ángel Moratinos, afirmou que o mundo está “a passar por tempos difíceis”, definidos por “desconfiança, ódio, discriminação”, em que, mais do que nunca, é preciso praticar a conhecida frase de Jorge Sampaio, escrita no seu último artigo: “a solidariedade não é facultativa, é um dever” (citação que também deu nome a esta homenagem).

Alguns membros da família de Jorge Sampaio seguiram a cerimónia online, impedidos de viajar para Nova Iorque por causa da pandemia de covid-19. A filha, Vera Ritta de Sampaio, disse que o pai mantinha sempre “uma grande crença nas Nações Unidas” e expressou gratidão pelo tributo, em nome da família do ex-Presidente.

Portugal mantém Plataforma para Estudantes Sírios

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, recordou a contribuição de Sampaio para problemas atuais como as pandemias – enquanto enviado especial da ONU para a luta contra a tuberculose, em 2006 – para a promoção da saúde pública, avanço do diálogo intercultural e inter-religioso e proteção de direitos humanos, inclusive o direito à educação.

O ministro manifestou o compromisso de Portugal de continuar a avançar com a Plataforma Global para Estudantes Sírios, fundada por Jorge Sampaio, que se tornou num “verdadeiro catalisador para o Ensino Superior”, com um mecanismo de resposta rápida, além do programa de bolsas de estudo, que beneficiou 750 estudantes desde 2014.

Esta segunda-feira, também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse confiar que as Nações Unidas irão acolher o projeto lançado por Sampaio para que refugiados possam prosseguir os seus estudos.

“É uma forma de homenagear o que foi um passo notável dado por esse português, esse grande português. Não tenho dúvidas de que as Nações Unidas serão as primeiras a acolher o projeto que foi apresentado”, afirmou Marcelo, manifestando-se certo de que “o secretário-geral António Guterres não só conhece como adere àquilo que é a proposta portuguesa”.

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. A branquearem aquilo que em Portugal é do conhecimento público (pelo menos dos não avençados e dos não desmemoriados) e que consta de escutas telefónicas…

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