Homem teve covid-19 durante 411 dias

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A pandemia atingiu a todos, mas a alguns continua a pesar, como é o caso da população de países privados de vacinas, profissionais da área da saúde e pessoas com o sistema imunitário comprometido.

Num novo estudo, uma equipa de investigadores do Reino Unido descreveu uma série de infeções crónicas por covid-19, incluindo um homem que ficou infetado durante mais de 400 dias. O paciente só ficou livre do vírus após os médicos descobrirem a estirpe que o atacou e o tratamento que precisava.

Liderada pelo infeciologista Luke Blagdon Snell, do Guy’s e St Thomas’ NHS Foundation Trust, a equipa tem investigado infeções persistentes em pessoas com baixa imunidade, procurando compreender as mutações e se novas variantes evoluem ao longo do tempo.

No início deste ano, a mesma equipa tratou um paciente que esteve infetado durante 505 dias, antes de falecer.

Neste último estudo, publicado recentemente na Clinical Infectious Diseases, os investigadores descrevem o caso de um homem de 59 anos, que contraiu pela primeira vez o covid-19 em dezembro de 2020. As análises mostraram que era portador de uma estirpe precoce do vírus, disseminada no Reino Unido na altura.

“Quando olhámos para este vírus, [percebemos] que existia há muito – antes da Omicron, antes da Delta e mesmo antes da Alpha. Portanto, era uma daquelas variantes mais antigas, do início da pandemia”, disse Snell ao Washington Post.

De acordo com o Science Alert, as infeções crónicas por coronavírus são distintas das infeções de longa duração, onde uma mistura de sintomas persiste muito depois de a fase aguda abrandar.

Neste relatório, Snell e os colegas descreveram como utilizam os resultados da sequenciação genómica, entregues em 24 horas, para personalizar tratamentos em pessoas com infeções persistentes. O artigo descreve seis casos, entre os quais o do homem de 59 anos.

Com um sistema imunitário enfraquecido após um transplante renal, o seu organismo não conseguia eliminar o vírus e, por ter apenas sintomas ligeiros e intermitentes, não era elegível para tratamentos utilizados para prevenir ou tratar casos graves.

O homem testou positivo em fevereiro de 2021 e novamente em janeiro de 2022, para a mesma variante do vírus: a B.1.177.18. Embora os investigadores acreditem que estes casos de infeção crónica sejam raros, também são difíceis de tratar, uma vez que as novas variantes tornam ineficazes as terapias com anticorpos neutralizantes.

Assim que os investigadores souberam que o homem tinha uma infeção crónica, recebeu um tratamento combinado de anticorpos monoclonais contra estirpes precoces, que finalmente o livrou do vírus, 411 dias após ter sido diagnosticado pela primeira vez.

Outros exemplos descritos pelos investigadores incluem casos em que a sequência genómica revelou as estirpes dos infetados, se se tratava de uma infeção separada ou crónica e quais as mutações o vírus tinha adquirido – permitindo assim aos médicos selecionar a terapia certa.

“Algumas pessoas com sistemas imunitários enfraquecidos ainda estão em risco de doença grave e de ficarem persistentemente infetadas. Ainda estamos a trabalhar para compreender a melhor forma de os proteger e tratar”, indicou Snell.

ZAP //

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