Numa história que parece saída do romance de Daniel Defoe, Brendon Grimshaw recusou vender o seu sonho por 50 milhões de euros.
Em 1962, um inglês chamado Brendon Grimshaw fez aquilo com que todos já sonhamos: despediu-se do emprego e comprou a sua própria ilha tropical nas Seicheles. Estes eram outros tempos e o britânico de 37 anos conseguiu comprar a pequena Ilha Moyenne por apenas cerca de 10 mil euros.
Abandonada há 50 anos, coberta de vegetação e carregada de lendas de tesouros piratas, Moyenne tinha apenas 400m de comprimento por 300m de largura. Nada disto foi suficiente para demover Grimshaw, que se mudou permanentemente para a ilha, tornando-se o seu único habitante.
“Foi totalmente diferente”, disse Brendon Grimshaw vários anos depois de ter visitado Moyenne pela primeira vez. “Foi uma sensação especial. Este é o lugar que eu estava à procura”.
Embora muitos pudessem pensar que o seu objetivo era transformar a ilha num luxuoso destino de férias, o britânico tinha outros planos. Grimshaw queria renovar a ilha e criar um autêntico paraíso natural, intocado pelo turismo.
Nos 40 anos que se seguiram, Grimshaw viveu apenas com um habitante local das Seicheles na ilha, chamado René Lafortune. Juntos, plantaram cerca de 16 mil árvores à mão, construíram quase cinco quilómetros de trilhos naturais e atraíram cerca de 2 mil aves para a Ilha Moyenne.
Grimshaw e Lafortune não se ficaram por aqui. Os dois homens ajudaram ainda introduzir 110 tartarugas-gigantes-de-aldabra na ilha, uma espécie que estava praticamente extinta até então.
O inglês recusou várias ofertas para comprar a ilha. Dada altura, até um príncipe saudita ofereceu-lhe 50 milhões de euros. Grimshaw rejeitou a hipótese de se tornar um multimilionário — o seu sonho era que a Ilha Moyenne se tornasse uma reserva natural.
Em 2007, Lafortune faleceu. Solteiro e sem filhos, Grimshaw não tinha ninguém para tomar conta da ilha. Como tal, estabeleceu um fundo perpétuo e assinou um acordo com o Ministério do Ambiente de Seicheles. A sua ilha tornou-se o Moyenne Island National Park, o mais pequeno parque nacional do mundo.
“Pessoalmente, não acho que ele era louco”, disse Isabelle Ravinia, da Autoridade de Parques Nacionais de Seicheles, à BBC. “Ele devolveu a ilha ao país, o que foi uma coisa nobre de se fazer. Normalmente as pessoas tentariam vender a ilha antes de morrerem para conseguir dinheiro para fazer outra coisa. Em vez disso, ele fez algo incrível”.
Grimshaw viria a morrer em 2012, tendo sido enterrado, a seu pedido, ao lado do pai. Na sua lápide lê-se: “Moyenne ensinou-o a abrir os olhos para a beleza ao seu redor e agradecer a Deus”.
Uma pessoa que viveu a vida plenamente! Deste tenho inveja…;D
“Grimshaw e Moyenne não se ficaram por aqui. Os dois homens ajudaram ainda introduzir 110 tartarugas-gigantes-de-aldabra na ilha”
Moyene – Nome da Ilha
Brendon Grimshaw – Dono da ilha
René Lafortune – 2º homem
Português aparte, se eu percebesse disto, escrevia um artigo!
Caro Francisco,
Obrigado pelo reparo. A gralha foi devidamente corrigida.
A recordar
Tornou o “Seu sonho” uma bela realidade , num Mundo em que a realidade é cada vez mais hedionda !
Estive em visita a essa ilha faz poucos anos, incrível o seu legado, inspirador e daria um filme espectacular assim ao estilo do FFC ; Bem -Haja A Deus por tal criatura: abraços