As pessoas que contraem o herpes labial ficam com o vírus por toda a vida. Mas há quanto tempo está esse vírus com a humanidade? Uma equipa de investigadores de Cambridge sequenciou o seu genoma, descobrindo que surgiu há mais de cinco mil anos.
O vírus herpes simplex 1 (HSV-1) é um dos mais comuns, com dois terços da população infetada. Na maioria das vezes não causa incómodo mas, ocasionalmente, origina uma espécie de ferida no lábio, que pode ser contagiosa.
Para descobrir há quanto tempo o vírus surgiu, a equipa examinou amostras de ADN de indivíduos de diferentes épocas, encontrando quatro exemplos de HSV-1 entre os 3000 registos arqueológicos analisados, segundo avançou o New Atlas.
O mais antigo era um de homem adulto, que viveu há 1500 anos nos Montes Urais, seguido de uma mulher anglo-saxã do século VI ou VII. O terceiro era um jovem que viveu há cerca de 700 anos no Reino Unido. O último era outro homem, dos Países Baixos, que terá falecido em 1672.
“Ao comparar o ADN antigo com amostras de herpes do século XX, conseguimos analisar as diferenças, verificar a taxa de mutação e criar uma linha de tempo para a evolução do vírus”, disse Lucy van Dorp, uma das autoras do estudo, publicado recentemente na Science Advances.
A equipa descobriu então que a atual cepa de HSV-1 surgiu em humanos há cerca de 5300 anos, suspeitando que possa estar relacionada à nova moda que se acredita ter começado na mesma época: os beijos.
“Cada espécie de primata tem uma forma de herpes, então assumimos que está connosco desde que a nossa própria espécie deixou África”, indicou Christiana Scheib, outra das autoras.
Contudo, continuou, “aconteceu algo há cerca de cinco mil anos que permitiu que uma cepa da herpes superasse todas as outras – um aumento nas transmissões, provavelmente associado ao beijo”.
A equipa pretende agora expandir o estudo aos neandertais.