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Hells Angels libertados estão a violar medidas de coação

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Parte dos 37 operacionais dos Hells Angels detidos em julho do ano passado estão a violar medidas de coação que lhes foram impostas pelo Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), depois de terem sido libertados há cerca de duas semanas.

Medidas como a proibição de contactos entre si ou a interdição de entrar nas instalações dos cinco chapters – clubes onde se reúnem – existentes no país forma promovidas pelo Ministério Público (MP), mas as autoridades não têm forma de controlar permanentemente o seu cumprimento, de acordo com o Diário de Notícias.

“Sabemos que alguns deles têm violado as medidas de coação, o que pode representar, acima de tudo, um novo risco“, admitiu ao DN uma fonte que monitoriza os gangues violentos.

A PJ, que desenvolveu toda a investigação, já não pode fazer vigilâncias ou escutas no âmbito deste inquérito, que está agora nas mãos da juíza Conceição Moreno, do TCIC.

Além disso, segundo o DN, outro problema para as autoridades prende-se no facto de o MP não ter proibido os libertados de exercerem a atividade de segurança privada, ocupação que demonstrou algumas ligações perigosas entre o mundo do crime organizado e a segurança na noite.

A partir desta quarta-feira, o TCIC começa a ouvir os 71 arguidos que pediram a instrução do processo. Nesta fase, o tribunal vai interrogar e ouvir os argumentos da defesa, reavaliar as provas reunidas pelo MP e decidir quem deve ou não avançar para julgamento. Estes membros dos Hells Angels vão começar a quebrar o silêncio a que se tinham remetido desde a sua detenção, em 2018.

As sessões, agendadas pela magistrada Conceição Moreno, começam da parte da tarde de dia 27 e decorrem até 19 de dezembro, estando prevista a audição de cerca de duas dezenas de arguidos.

A “criminalidade especialmente violenta e altamente organizada”, e as suspeitas de prática de crimes que vão desde a tentativa de homicídio, roubo, ofensa à integridade física, danos, associação criminosa, estão entre as motivações para uma operação que teve início em julho de 2018, e deteve 60 pessoas. Dos detidos em 2018, 38 continuam em prisão preventiva.

O processo tem 89 arguidos constituídos, dos quais 43 estão sujeitos a medidas de privação da liberdade.

Vigiados pela PJ e pelo Serviço de Informações de Segurança (SIS) há vários anos, acabou por ser um ataque dos Hells Angels a elementos de um grupo rival – Os Bandidos – cuja liderança estava a ser pretendida pelo ex-líder dos skinheads, Mário Machado, a desencadear todas as detenções.

Esta investigação ganhou forma a partir de 2016, quando os investigadores da UNCT começaram a reunir vários casos de violência a envolver elementos deste grupo. Em março de 2018 tudo se precipitou quando um grupo de cerca de 40 destes motards fora-da-lei invadiram, com barras de ferro, paus e facas, um restaurante no Prior Velho, para agredir os rivais.

Entre eles, Mário Machado, que escapou ileso, com um historial de conflitos com os Hells Angels, do tempo em que liderava a fação mais violenta dos cabeças rapadas no nosso país, os Portuguese Hammerskins.

Ambos os grupos de motards têm também ligações à extrema-direita violenta, com ostentação de símbolos neonazis por alguns dos seus elementos. São considerados uma ameaça à segurança nacional.

Dois dos detidos foram condenados pela morte do cabo-verdiano Alcindo Monteiro, em 1995, no Bairro Alto. Estavam entre o grupo de skinheads que agrediu violentamente vários negros na noite de 10 de junho.

ZAP //

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