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Hacker que denunciou Chelsea Manning encontrado morto

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(dr) Don Halasy

O hacker Adrian Lamo em 2004

Adrian Lamo, o hacker que em 2010 denunciou a ex-soldado Chelsea Manning, que entregou milhares de documentos classificados ao portal WikiLeaks, foi encontrado morto num apartamento, segundo revelaram neste sábado meios de comunicação locais.

“Não há nada suspeito na morte de Adrian Lamo“, disse um agente da polícia de Wichita, no Kansas, Estados Unidos, ao jornal local The Wichita Eagle.

Há sete anos, Lamo delatou Manning às autoridades, depois de a ex-soldado lhe ter revelado que tinha em sua posse centenas de milhares de documentos confidenciais e segredos dos Estados Unidos, e que planeava revelá-los através do WikiLeaks.

Nascido em Boston, de pai colombiano e mãe americana, Lamo ficou famoso no início da década passada como o hacker que entrou no “The New York Times”, Microsoft, Yahoo e nos sistemas informáticos de outras grandes empresas. Em 2004, declarou-se culpado destas intrusões e foi condenado a seis meses de prisão domiciliar.

Lamo é considerado o segundo hacker mais famoso do mundo, após Kevin Mitnick. Depois de ter ganho notoriedade com a delação de Chelsea Manning, revelou que sofria da síndrome de Asperger, uma forma de autismo que o torna introvertido e lhe afecta a fala, e que tinha estado internado em instituições psiquiátricas.

Depois de ter sido denunciada por Lamo, Chelsea Manning, transexual anteriormente conhecida como Bradley Manning, foi detida numa prisão militar. Em 2013 foi declarada culpada da maior fuga de documentos confidenciais na história dos EUA, e sentenciada a 35 anos de prisão.

Em janeiro de 2017, o então presidente Barack Obama comutou a condenação de Manning pelo tempo cumprido e em maio foi libertada da prisão militar do Kansas na qual cumpria a pena.

As autoridades de Wichita não deram ainda a conhecer a causa da morte de Lamo, que, segundo uma amiga, Lorena Murphy, vivia em Wichita há mais de um ano. Adrian Lamo era o “homeless hacker“, assim chamado por estar sempre a mudar de casa. “Adrian estava sempre sem casa, ou quase a perdê-la”, recorda Murphy.

Lamo tinha muitos admiradores, e não menos inimigos. – em abos os casos, também por ter delatado Manning. Segundo Murphy, recebia regularmente ameaças de morte, embora a polícia local não suspeite de que tenha sido assassinado.

Em entrevista ao jornal britânico “The Guardian” em 2011, Lamo disse que lamentaria muito se Manning apanhasse uma longa pena de prisão, e que pensava na ex-soldado “todos os dias”. “Denunciar Chelsea não foi uma decisão que tenha tomado, mas que caiu em cima de mim”, afirmou então Lamo.

ZAP // EFE

13 Comments

    • de·la·tar

      (latim delatus, -a, -um, particípio passado de defero, -erre, trazer, levar de um lugar para outro, abater, derrubar, oferecer, conferir, confiar, anunciar, revelar, submeter, denunciar, vender + -ar)

      verbo transitivo e pronominal
      1. Acusar(-se) de participação em crime ou delito. = DENUNCIAR
      verbo transitivo
      2. Tornar evidente; deixar perceber. = EVIDENCIAR, MOSTRAR, REVELAR
      in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

      • Sim, também é correcta, e como tal foi usada também várias vezes no texto.
        O facto de não haver em Portugal a figura jurídica da “delação premiada” poderá explicar porque lhe parece tão estranha a palavra “delatar”. Mas o seu desconhecimento da palavra não significa que não exista. E neste contexto, diga-se, “delatar” é mesmo um pouco diferente de “denunciar”, e provavelmente até mais exacto – razão ela qual a usámos em várias passagens.

      • Pareceu-me estranha, porque ninguém usa essa palavra em Portugal!!
        Eu não disse que não existia, mas como não é usada regulamente, é natural que muitos estranhem a palavra.

      • Curiosamente, não se diz da “pessoa que denuncia” que é o “denunciador”. Diz-se dela que é o “delator” 🙂

      • Eu! Ou melhor tu vais estudar português e deixa as notícias do Zap em paz,

        Queres saber mais que o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa?

      • Xiu, que isto é conversa de adultos!
        Além disso, o ZAP não precisa de “advogados” rafeiros!…

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