Em termos de adaptação, os humanos apresentam uma vantagem face às ferramentas de Inteligência Artificial.
Provavelmente já o usou. E definitivamente já ouviu falar dele. O ChatGPT é frequentemente apontado como o programa que veio mudar as regras do jogo. Através de uma conversa com o produto produzido pela OpenAI é possível escrever canções, explicar física quântica ou até obter dicas sobre como aumentar a inteligência.
No entanto, ao contrário dos humanos, há um aspeto no qual não é particularmente bom: a capacidade de se adaptar.
Recentemente, a Google lançou um rival para o ChatGPT, o Bard. Esta semana, figuras importantes da inteligência artificial assinaram uma carta em que defendem uma suspensão por ao menos seis meses do desenvolvimento de sistemas de inteligência artificial (IA) mais poderosos. Os subscritores alegam riscos e perigos para humanidade e dizem que a corrida para a evolução desses programas está fora de controle humano,
A OpenAI, a empresa responsável pelo ChatGPT, lançou recentemente o GPT-4, uma versão ainda mais avançada do sistema que desde novembro maravilha os utilizadores da internet.
Perante esta sucessão de acontecimentos, parece claro que os computadores estão a superar seus criadores — e a rápida velocidade. Mas será isto uma mera ilusão ou realmente verdade?
Ori Ossmy, investigador do Centro Cerebral e Desenvolvimento Cognitivo da Birkbeck, Universidade de Londres, diz que “o sistema tem algoritmos muito sofisticados, mas o que basicamente eles fazem é recolher muita informação da internet e dessa forma conseguem responder diferentes perguntas e solicitações”.
“No entanto, eles [os programas] não são muito bons no que respeita à capacidade de se adaptar. Não são muito bons em aprender uma determinada coisa dentro de alguns cenários, alguns ambientes, e depois aplicar [essa experiência] a um ambiente diferente. Algo que as crianças e bebés, por exemplo, são muito boas em fazer.”
De facto, parece ser a nossa capacidade de adaptação que nos coloca um passo à frente da inteligência artificial. Desde o nascimento, o cérebro humano adapta-se e molda-se ao ambiente de uma forma muito eficiente.
“Nós estamos muito, muito longe dos computadores em termos de capacidade de adaptação, creio. Talvez se descubra como isso pode ocorrer”, afirma Ossmy.
“As experiências [desses algoritmos] são muito menos flexíveis, têm menos variação comparado ao que vivem as crianças e bebés, que precisam se adaptar a um corpo diferente todos os dias.”
Mas os neurocientistas ainda não têm uma ideia muito clara da razão pela qual o cérebro humano tem uma capacidade de adaptação tão boa. E até entendermos melhor como esse processo funciona, computadores não conseguirão rivalizar com humanos. E, felizmente, o ChatGPT sabe das limitações de sua própria mente virtual.
“Eu não consigo reproduzir toda a extensão da inteligência humana”, é o próprio programa a responder.
ZAP // BBC