Há uma nova teoria radical para explicar o que é a vida

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Uma teoria inovadora apresentada pela astrobióloga Sara Walker e pelo químico Lee Cronin oferece uma nova perspetiva sobre a natureza da vida e uma potencial solução para este enigma.

Na procura de vida extraterrestre, os cientistas há muito que se debatem com a questão de como definir e identificar formas de vida que podem ser radicalmente diferentes das que conhecemos na Terra.

Tradicionalmente, os biólogos definem a vida com base em características como a reprodução, a reação ao ambiente, o metabolismo, o consumo de energia e o crescimento. Embora esta definição nos sirva bem na Terra, pode não ser aplicável a formas de vida que evoluíram em condições diferentes noutras partes do Universo.

Walker e Cronin argumentam que o acaso, por si só, não pode explicar a existência de moléculas altamente complexas encontradas nos organismos vivos. Para produzir objetos intrincados como as proteínas, tem de haver um mecanismo para criar e reproduzir informação complexa semelhante a uma “memória” – um processo que espelha as propriedades fundamentais da vida.

Segundo Walker, a nossa perceção de nós próprios como indivíduos discretos não tem em conta a dependência histórica e a linhagem de informação dentro de nós. Na sua perspetiva, devemos ver-nos como linhagens de propagação de informação que se agregam temporariamente num indivíduo.

Para testar a sua teoria, explica a New Scientist, a equipa de Walker e Cronin realizou análises exaustivas de compostos orgânicos e inorgânicos de várias fontes, incluindo sistemas vivos e processos tecnológicos. Desenvolveram uma métrica chamada “índice de montagem molecular”, que mede a complexidade da montagem de moléculas a partir dos seus blocos de construção.

Os investigadores descobriram que apenas os compostos provenientes de sistemas vivos ou de processos tecnológicos avançados exigiam 15 ou mais etapas de montagem. Os compostos inorgânicos nunca ultrapassaram este limiar. O índice de montagem serve como uma ferramenta universal que pode identificar a presença de vida, independentemente da sua composição ou fase de desenvolvimento.

A importância do índice de montagem reside na sua capacidade de transcender as limitações dos materiais orgânicos à base de carbono que definem a vida na Terra. Fornece uma abordagem agnóstica para detetar formas de vida que podem ser muito diferentes daquelas com que estamos familiarizados.

Com base na sua teoria, a equipa de Walker e Cronin está a colaborar com a NASA em futuras missões, como a missão Dragonfly, destinada a explorar a lua de Saturno, Titã. A Dragonfly irá analisar a composição química da lua, perfurando a sua superfície gelada e utilizando um laser para separar as moléculas para análise.

“É um bom exemplo da vantagem de adotar uma abordagem mais geral do que é a vida, porque Titã é muito diferente da Terra. Se quisermos descobrir se existe vida em Titã, precisamos de uma técnica agnóstica”, explicou Walker.

ZAP //

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