A miopia está a alcançar proporções epidémicas em todo o mundo, com destaque para a Ásia oriental, onde em países como a China cerca de 90% dos adolescentes são míopes.
Esta tendência vertiginosa tem levado os cientistas a repensar a sua opinião acerca das possíveis causas para este defeito da visão, um distúrbio visual que provoca a focalização da imagem antes de esta chegar à retina.
Na Europa e nos Estados Unidos, cerca de 50% dos jovens sofre de miopia. O problema atinge o seu máximo em países como Hong Kong, Taiwán, Singapura e a Coreia do Sul.
Segundo a revista Nature, em Seul, por exemplo, 96,5% dos jovens sofre de miopia.
A estes números elevados soma-se a rápida expansão da doença, que na China se multiplicou por nove em seis décadas, período em que, na União Europeia, a miopia teve um aumento de 50%.
Qual a razão para a epidemia?
Durante muito tempo, o consenso na comunidade científica era que a miopia seria largamente devida a factores genéticos.
Mas um estudo recente atribui o aumento da incidência de miopia nas últimas décadas ao facto de passarmos mais tempo dentro de edifícios.
Segundo o estudo, a luz solar estimula a libertação de dopamina na retina. Este neuro-transmissor, por seu lado, regula a forma do globo ocular durante o seu desenvolvimento.
Para combater este grande crescimento da miopia “é muito importante passar uma mensagem”, diz Kathryn Rose, directora do departamento de oftalmologia da Universidade de Sydney, “a mensagem de que as crianças precisam de passar mais tempo ao ar livre“.
Há um tratamento simples
Segundo Ian Morgan, investigador da Universidade Nacional da Austrália, em Camberra, “as crianças precisam de cerca de 3 horas por dia em ambientes com uma luminosidade de pelo menos 10.000 lux para ficarem protegidas da miopia”.
Esta é a luminosidade experimentada por alguém que esteja à sombra de uma árvore, com óculos de sol, num dia de verão solarengo.
Outros cientistas, como Padmaja Sankaridurg, do Holden Vision Institute, em Sydney, na Australia, estão a estudar abordagens baseadas no desenvolvimento de óculos ou lentes de contacto correctivas, cirurgias ou tratamentos farmacêuticos baseados no uso de atropina.
“Queremos fazer uma abordagem holística, global, ao problema da miopia”, diz Sankaridurg.
Mas nada parece poder ultrapassar a simplicidade de mandar as crianças brincar lá para fora.
ZAP
Acontece-me muito, sobretudo quando olho para o vencimento…