Há uma doença oculta no cérebro da maioria dos idosos

Uma equipa de cientistas descobriu que uma doença cerebral pouco conhecida pode ser mais comum nos idosos do que se pensava.

A doença denominada encefalopatia TDP-43 (LATE), definida pela primeira vez em 2019, está relacionada com a idade e é caracterizada pela acumulação anormal da proteína TDP-43 em áreas do cérebro cruciais para a memória e o pensamento.

Segundo o Study Finds, a acumulação dessa proteína pode levar à morte de células cerebrais e ao declínio cognitivo, muito parecido ao que acontece na doença de Alzheimer.

Num novo estudo, publicado em junho na Brain, o investigadores examinaram cérebros de 295 indivíduos falecidos que tinham feito parte do estudo Vantaa 85+, um projeto de investigação a longo prazo que seguiu todos os residentes de Vantaa, na Finlândia, que tinham 85 anos ou mais em 1991.

No decorrer do estudo, encontraram provas da LATE em cerca de 64% dos cérebros examinados. Estes resultados são ainda mais surpreendentes pelo facto da doença estar associada de forma independente à demência, mesmo tendo em conta outras alterações cerebrais como as observadas no Alzheimer.

Quando os doentes mostravam sinais de LATE e Alzheimer, estes tendiam a ter um declínio cognitivo mais grave do que os que tinham apenas uma das duas doenças.

A equipa também explorou os fatores de risco para o desenvolvimento da doença e, apesar de investigações anteriores sugerirem uma ligação da mesma à tensão arterial elevada ou à diabetes, este estudo não encontrou ligações a estas ou a outras condições de saúde. Por sua vez, encontrou duas variantes genéticas que aumentam o risco de desenvolver a doença.

A elevada prevalência de LATE nas pessoas idosas realça a necessidade de uma abordagem mais ampla da saúde do cérebro na velhice. Em vez do foco ser apenas numa única doença, as estratégias futuras poderão passar por abordar simultaneamente vários aspetos do envelhecimento do cérebro para combater o declínio cognitivo.

Por fim, os investigadores esperam desenvolver novas ferramentas de diagnóstico para a identificar e explorar terapias que possam prevenir ou retardar a acumulação da proteína TDP-43 no cérebro.

Soraia Ferreira, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.