Há um misterioso rosto de mulher escondido num quadro de Picasso

The Courtauld Institute of Art

Quem é a mulher que espreita por trás de Fernández de Soto? Uma amante? Uma amiga? O que é certo é que Picasso achava piada a sobrepor imagens.

O Retrato de Mateu Fernández de Soto, pintura do famoso “Período Azul” de Pablo Picasso, representa o seu amigo e escultor com o mesmo nome. Mas terá sido sempre assim?

Parece que não — agora, 125 anos depois, uma equipa de investigadores do Courtauld Institute of Art, em Londres, descobriu que, antes de ser pintado por cima, o quadro tinha, na verdade escondido um rosto de mulher.

Revelado por imagens de infravermelhos e de raios X, o rosto “surgiu literalmente diante dos nossos olhos … peça por peça”, conta à CNN Barnaby Wright, diretor-adjunto da galeria.

“Poderá ser para sempre uma espécie de modelo anónima”, disse Wright. Mas estão a trabalhar na sua identificação. “Pode ter sido apenas alguém que serviu de modelo a Picasso… pode ter sido uma amante, pode ter sido uma amiga.”

Aos 19 anos, Picasso decidiu, então, abandonar o quadro que pintava, utilizando a mesma tela para pintar por cima. Esta “não só a mudar o tema, mas também a mudar o seu estilo, à medida que desenvolvia a sua famosa forma de pintar do Período Azul”, disse Wright.

As imagens de raios X sugerem que Picasso reutilizou esta tela umas três ou quatro vezes, com diferentes pinturas inacabadas até chegar ao quadro final, em parte porque não tinha dinheiro para comprar novos materiais, mas também porque “é evidente que ele gostava do processo de transformar uma imagem noutra”, conta o galerista.

“Não caiou a tela entre as mudanças de tema para lhe dar um quadro limpo. Pintou a figura do seu amigo diretamente em cima da mulher… uma figura está a emergir da outra, transformando uma na outra”, descreve.

“Quando sabe o que está por baixo desta imagem técnica e a transporta para a pintura acabada, pode ver algumas dessas marcas muito claramente – o olho, a orelha e o cabelo”, diz Wright. “Esta presença fantasmagórica da mulher não está apenas por baixo da superfície, mas está de facto a pressionar a própria superfície“.

ZAP //

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