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Há um pequeno (e fofo) rato africano que armazena veneno suficiente para derrubar um elefante

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(dr) Stephanie Higgins

Apesar de parecer inofensivo, o pequeno rato-de-crista africano (Lophiomys imhausi) armazena no seu corpo veneno suficiente para derrubar um elefante.

Um novo estudo, publicado recentemente na revista científica especializada Mammalogy, descreve este animal pequeno, com as dimensões de um coelho, como o único mamífero conhecido por juntar no seu corpo veneno de plantas como forma de defesa química.

Na prática, explica o portal IFL Science, este mamífero reveste-se de toxinas letais de origem vegetal para se defender de eventuais predadores – seriam necessário apenas alguns miligramas para matar um humano.

Apesar de a investigação ter sido agora publicada, os habitantes da África Oriental suspeitam já há muito tempo de que estes ratos eram perigosos.

Em 2011, um estudo preliminar sobre as características deste mamífero sugeria já que estes animais reuniam toxinas de árvores de flecha venenosas (Acokanthera schimperi), que são conhecidas como “árvores da morte” e cujo veneno tem sido utilizado pelo Homem para a caça, tal como recorda a emissora britânica BBC.

Quando se sentem ameaçados, estes animais erguem uma crista com o seu pêlo através das suas costas e, por isso, e tendo em conta este estudo de 2011, hipotetizou-se que usavam estas toxinas como uma arma. Mas como? O mecanismo era simples: mastigavam a casca da Acokanthera e depois lambiam as toxinas no pêlo da crista.

Esta investigação inicial confirmou este comportamento num espécie, mas não se sabia ainda o quão difundido era esta tendência – até agora.

Para perceber se este comportamento era comum entre a população, o novo estudo capturou mais de 25 ratos-de-crista-africanos, reunindo a maior amostra já estudada.

Depois de analisar mais de mil horas de filmagens, os autores do novo estudo descobriram que recolher a toxina da Acokanthera era um comportamento comum e que a vida social destes animais era surpreendentemente complexa.

“Colocamos dois destes ratos juntos num recinto e estes começaram a ronronar acariciar-se”, disse Sara Weinstein, autora principal do estudo e cientista de pós-doutoramento na Universidade de Utah, nos Estados Unidos, citada em comunicado. “O que foi uma grande surpresa, já que todos com quem conversamos pensavam que eram animais solitários. Percebi que tínhamos a possibilidade de estudar as suas interações sociais”.

“São vacas sob a forma de ratos”

A equipa utilizou um armazém abandonado para recriar o habitat destes roedores.

Depois de observar o seu comportamento em cativeiro, Weinstein explicou que estes animais são, essencialmente, “vacas sob a forma de ratos”, uma vez que, apesar do veneno letal que carregam, são herbívoros pacíficos que passam a maior parte do seu tempo a comer, a cuidar uns dos outros ou a escalar paredes para chegar aos ninhos.

De acordo com o novo estudo, estes animais parecem também ser monogâmicos, partilhando muitas das características observadas noutros animais monogâmicos, como a longa esperança média de vida e uma taxa de reprodução lenta.

“É considerada uma ‘caixa preta’ de um roedor”, disse Weinstein.

“Inicialmente, queríamos confirmar se o comportamento de sequestro de toxinas era real e, ao longo do caminho, descobrimos algo completamente desconhecido sobre o seu comportamento social. As nossas descobertas têm implicações de conservação para este rato misterioso e indescritível”, concluiu a especialista.

ZAP //

2 Comments

  1. “o pequeno rato-de-crista africano”; “com as dimensões de um coelho”.
    Um pequeno rato não pode ter as dimensões de um coelho.

  2. “mastigavam a casca da Acokanthera e depois lambiam as toxinas no pêlo da crista”; “seriam necessário apenas alguns miligramas para matar um humano”; “armazena no seu corpo veneno suficiente para derrubar um elefante”
    Mesmo que as toxinas actuem apenas em contacto com o sangue, estes animais ao lamberem a droga, basta terem um pequeno ferimento na boca para sucumbirem. Ou terão algum antídoto que os proteja, não havendo qualquer menção a essa possibilidade no artigo.

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