João Gouveia, presidente da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva, ouvido no Infarmed, manifestou-se preocupado com a situação da Medicina Intensiva, afirmando que há serviços no Norte do país que estão a 113% da sua capacidade.
João Gouveia, da Coordenação da Resposta em Medicina Intensiva, alertou esta quinta-feira que existe o risco de já não se conseguir receber todos os doentes com Covid-19 que precisem de cuidados intensivos.
“Neste momento, temos 84% de taxa de ocupação das camas de unidades de cuidados intensivos dedicados à Covid-19. Temos o risco de já não conseguir receber todos os doentes que precisem de Medicina Intensiva com Covid-19 e esta situação tem uma variedade regional enorme”, afirmou João Gouveia na reunião do Infarmed em resposta a uma pergunta do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República tinha questionado João Gouveia sobre o que pensa quanto à situação de stress nos cuidados intensivos.
“Isto é, olhando para os cenários de evolução de casos e de internamentos, concretamente em cuidados intensivos, como é que vê a probabilidade de pressão? Porque isso é naturalmente muito sensível, é fundamental quer para a panóplia de medidas quer para o comportamento genérico dos portugueses, que é a peça fundamental em tudo isto, quer [ainda] para a resposta dos serviços de saúde”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
Em resposta, João Gouveia, presidente da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva (CARNMI), manifestou-se preocupado com a situação da Medicina Intensiva, afirmando que há serviços no Norte do país que estão a 113% da sua capacidade e outros que estão com menos noutras zonas do país, entre os 40/60%, lembrando que estes “na verdade, são serviços mais pequenos”.
Por isso, o número verdadeiro de camas que está disponível é menor, sublinhou o especialista.
Apesar de ainda haver “almofada”, com capacidade de expansão, de poder chegar às 967 camas, João Gouveia mostrou-se preocupado por tal estar a ser feito com “sacrifício da assistência aos outros doentes”.
“Isso é uma fatura que vamos pagar depois no fim. Vamos ter de conviver com este vírus durante bastante tempo, e não podemos manter a expansão, porque não é compatível com uma atividade médica normal”, salientou.
“Resumindo, estou preocupado, não acho que estejamos em situação de catástrofe, ainda, mas estamos já em situação de rutura”, lamentou.
O chefe de Estado falou após ouvir as intervenções de oito especialistas sobre a epidemia de Covid-19, numa parte da reunião a que a comunicação social presente no local pôde assistir, numa outra sala do Infarmed, onde foram colocados dois ecrãs – mas que, ao contrário do que aconteceu na anterior reunião, no Porto, não teve transmissão aberta através da Internet.
// Lusa
Coronavírus / Covid-19
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