Há desertos por todo o mundo, mesmo junto ao mar. Porque são secos?

Deserto do Sahara

Podemos encontrar desertos em todo o mundo, incluindo junto a oceanos. Mas então porque são afinal secas estas regiões? O mistério tem explicação.

Os desertos podem ter muitas formas – incluindo extensas dunas de areia, desfiladeiros rochosos, estepes e campos de gelo polar.

Mas há obviamente uma coisa comum a todos eles:  falta de chuva.

Qualquer região com uma pluviosidade inferior a 25 centímetros de chuva por ano é considerado um deserto, explica Lynn Fenstermaker, ecologista do Desert Research Institute em Reno, no Nevada, ao Live Science.

Tal falta de chuva significa que os desertos são, por inerência, secos.

Mas por que motivo algumas regiões da Terra recebem muito menos chuva do que outras? Em outras palavras, por que razão os desertos são secos?

A principal razão são os padrões globais de circulação de ar no planeta.

A energia solar atinge a Terra mais directamente no equador, aquecendo o ar e evaporando a sua humidade. Esse ar quente e seco sobe, viaja em direcção aos pólos, e tende a descer  novamente junto da latitude 30, explica Fenstermaker.

Este padrão de circulação é a chamada Célula de Hadley, um modelo de circulação fechada da atmosfera terrestre predominante nas latitudes equatoriais e tropicais, intimamente relacionada com os ventos alísios, as zonas tropicais húmidas, os desertos subtropicais e correntes de jato que ocorrem na atmosfera.

Foi esta dinâmica de circulação do ar que impulsionou a exploração precoce do globo pelos navegadores e marcou as rotas dos navios mercantes.

É também por isso que muitos dos maiores desertos do mundo, como o Saara e o Gobi no Hemisfério Norte, e o Kalahari no Hemisfério Sul, se encontram a estas latitudes médias.

Kaidor / Wikipedia

Célula de Hadley e padrões de circulação do ar na atmosfera

Mas a história é não se fica por aqui. Os padrões de vento também interagem com a topografia para influenciar as regiões onde os desertos se formam.

Por exemplo, quando o ar proveniente de um oceano atinge uma determinada cordilheira, liberta a sua humidade nas encostas desta, sob a forma de chuva ou neve, à medida que sobe. Mas depois de atravessar a montanha, o ar que desce do outro lado está seco.

Esse é o caso do Deserto de Mojave, na Califórnia, que está “à sombra” da Sierra Nevada.

Por vezes também, as regiões interiores são mais secas porque estão tão longe de um grande corpo de água que o ar que lhe chega já perdeu toda a sua humidade, explica Andreas Prein, cientista atmosférico do National Center for Atmospheric Research em Boulder, no Colorado.

O Deserto de Gobi, na Ásia Central, além de estar também protegido pelos Himalaias, é um exemplo de um destes desertos em regiões interiores.

Por outro lado, estar no litoral nem sempre significa ter humidade. Quando colide com correntes oceânicas frias, o ar que se move em direcção à costa pode criar neblina.

Esta neblina move-se normalmente para terra, mas a sua humidade permanece no ar em vez gerar chuva — o que criar desertos junto a oceanos, como o Atacama, no Chile — um dos lugares mais secos da Terra.

Finalmente, as mudanças nos padrões climáticos globais também influenciam as regiões onde os desertos se formam — por vezes em locais anteriormente cheios de vida.

Há milhares de anos, após a última Era do Gelo, o Sahara transformou-se. Numa região com 9 milhões de km2 no norte da África, cresceu vegetação no topo das dunas arenosas, e o aumento das chuvas transformou as cavernas áridas em lagos extensos — que permitiram que o deserto fosse habitado por mamíferos.

 

Actualmente, as alterações climáticas estão a redefinir as fronteiras dos desertos de todo o mundo. Num futuro não muito distante, alguns dos mais conhecidos deixarão de o ser, outros desertos tomarão o seu lugar.

ZAP //

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