A cimeira do clima das Nações Unidas (COP26) adotou formalmente a declaração final da COP26, com uma alteração de última hora proposta pela Índia que suaviza o apelo ao fim do uso de carvão.
O Pacto Climático de Glasgow foi aprovado às 19h42, com uma alteração de última hora feita pelo ministro do Ambiente indiano, Bhupender Yadav, para alteração do parágrafo sobre o carvão, em que se defendia o fim progressivo do seu uso para produção de energia sem medidas de redução de emissões.
O fim do uso do carvão foi, assim, alterado para a “diminuição” do seu uso.
O pedido da Índia para substituir o fim progressivo – phase-out – por uma redução progressiva – phase down – foi aceite com manifestações de desagrado de várias delegações, nomeadamente a Suíça e a União Europeia, e ainda de países mais vulneráveis às alterações climáticas.
Os diplomatas de quase 200 países chegaram desta forma ao acordo destinado a intensificar os esforços para combater as alterações climáticas, apelando aos governos para que regressem no próximo ano com planos mais fortes para reduzir as suas emissões.
Exortaram ainda as nações ricas a “pelo menos duplicar” o financiamento até 2025 para proteger as nações mais vulneráveis dos perigos de um planeta mais quente.
O novo acordo deixa por resolver a questão de quanto e com que rapidez cada nação deverá reduzir as suas emissões durante a próxima década.
Além disso, deixa muitos países em desenvolvimento aquém dos fundos de que necessitam para adotar uma energia mais limpa.
Emocionado, Alok Sharma pede desculpa por cedências finais
O presidente da conferência climática COP26, Alok Sharma, pediu desculpa de forma emocionada pela forma como as negociações de última hora decorreram para ser possível aprovar o texto final, 26 horas depois do previsto.
“Peço desculpa pela forma como este processo foi desenvolvido. Peço imensa desculpa. Também percebo a profunda desilusão. Mas também é crucial que protejamos este acordo”, afirmou, na sessão final, parando por momentos a intervenção para se recompor.
No final, disse que a versão revista da declaração final foi aprovada com alterações feitas oralmente, e encerrou oficialmente os trabalhos batendo com o martelo.
Limitar temperatura a 1,5ºC
O Pacto Climático de Glasgow reafirma o objetivo de limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC, decidido há seis anos no Acordo de Paris, e diz ser necessário reduzir as emissões de dióxido de carbono em 45% até 2030, em relação a 2010.
Reconhece-se que limitar o aquecimento global a 1,5ºC exige “reduções rápidas, profundas e sustentadas das emissões globais de gases com efeito de estufa, incluindo a redução das emissões globais de dióxido de carbono em 45% até 2030 em relação ao nível de 2010 e para zero por volta de meados do século, bem como reduções profundas de outros gases com efeito de estufa”.
O documento salienta a urgência de reforçar a ambição e a ação em relação à mitigação, adaptação e financiamento nesta “década crítica” para colmatar as lacunas na implementação dos objetivos do Acordo de Paris.
Pede-se também aos países em falta que apresentem até novembro do próximo ano as suas contribuições para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.
A 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26) decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
ZAP // Lusa