COP26 vai a prolongamento. Novo texto pede duplicação de financiamento até 2025

Robert Perry / EPA

Manifestação durante a COP26, em Glasgow

Manifestação durante a COP26, em Glasgow

O último projeto de documento final da COP26, lançado esta sexta-feira, tem merecido reações mistas, com especialistas a elogiarem o equilíbrio entre as exigências e as propostas de financiamento, enquanto ambientalistas lamentam mudanças nas medidas sobre combustíveis fósseis.

O novo projeto de declaração final da cimeira do clima da ONU exorta os membros do Acordo de Paris a dobrarem o dinheiro que contribuíram para o financiamento climático (cerca de 80 mil milhões de euros) até 2025.

Esta previsão está na mais recente versão de resolução sobre o Acordo de Paris que vai ser discutida ainda este sábado em Glasgow na 26.ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), que está em tempo extra, um dia depois do prazo inicialmente marcado para a sua conclusão.

O compromisso de os países desenvolvidos reunirem 100 mil milhões de dólares anuais para financiamento climático aos países menos desenvolvidos, ajudando-os a tomar medidas de mitigação de emissões poluentes e adaptação aos efeitos das alterações climáticas, foi assumido em 2009 e tinha como meta 2020, mas um ano antes, apenas tinha sido cumprido a 80 por cento.

No texto “lamenta-se profundamente” o falhanço e pede-se aos países para pelo menos duplicarem as suas contribuições até 2025 em relação aos níveis de 2019, para dividir num “equilíbrio entre mitigação e adaptação”.

Reconhece-se “com preocupação” que as verbas atuais para adaptação “continuam a ser insuficientes para responder a impactos climáticos que se agravam em países em desenvolvimento”.

Num dos principais pontos de contenção entre países mais ricos e países mais pobres, o estabelecimento de um mecanismo de compensação por perdas e danos aos países que menos poluem e mais sofrem com os efeitos adversos da mudança climática, nota-se que as discussões sobre como o tornar operacional “não produziram resultado“.

Mantém-se em relação à versão de sexta-feira um apelo para os signatários do acordo deixarem de dar “subsídios ineficientes” à exploração de combustíveis fósseis e ao recurso ao carvão para produção de energia, com uma mudança na linguagem: se na sexta se recomendava a “aceleração do fim” dos subsídios, hoje pede-se “uma aceleração dos esforços” nessa direção e introduz-se o “reconhecimento da necessidade de uma transição justa”.

Sem alteração continua também o apelo aos países para atualizarem a partir de 2022 os seus esforços nacionais de redução de emissões carbónicas mais frequentemente que os cinco anos previstos no texto do Acordo de Paris, de 2015, mas sempre com a ressalva de isso estará dependente das “circunstâncias nacionais”.

No preâmbulo da declaração final da cimeira, introduz-se um parágrafo em que se reconhece “a importância dos povos indígenas, comunidades locais e sociedade civil, incluindo jovens e crianças, a enfrentar e responder às alterações climáticas”.

A presidência da cimeira marcou um novo plenário para analisar estes textos a partir das 12h00.

Acordos firmados em Glasgow

O Diário de Notícias realça que, antes de chegar ao último dia oficial de trabalhos, a cimeira conseguiu produzir alguns acordos: o corte nas emissões de metano, o fim da desflorestação, o acordo conjunto sino-americano e o inédito compromisso de Nova Deli são alguns de maior relevo.

Apesar de os líderes de mais de 100 países terem prometido acabar com a desflorestação até 2030, as associações ambientalistas notam que o acordo não é vinculativo e, mesmo que seja cumprido, ao ritmo atual do desmatamento os estragos serão tremendos.

O Compromisso Global de Metano também juntou mais de 100 países. Os signatários concordaram em reduzir as emissões de metano em 30% até ao final da década, mas a China, a Rússia e a Índia ficaram de fora.

Este último país é um dos maiores consumidores mundiais de carvão e anunciou que vai diversificar as fontes e energia que provém de fontes renováveis ao ponto de chegar a 2030 com metade de energias renováveis.

A maior surpresa foi o acordo conjunto, assinado pelos Estados Unidos e pela China, para trabalharem em conjunto e redobrarem esforços para reduzirem mais as emissões nesta década.

No entanto, é preciso notar que o país asiático não assinou o compromisso de redução de 30% das emissões de metano proposto por Joe Biden, ainda que se tenha comprometido a desenvolver um plano para cortar aquele gás.

Além disso, a China também não se comprometeu com um novo calendário de redução de emissões, nem estabeleceu um limite máximo para o aumento das suas emissões antes de estas começarem a diminuir.

ZAP // Lusa

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