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Há 80 anos, um navio desapareceu no Lago Superior. Por que ficou o capitão a bordo?

O S.S. Arlington, que naufragou há 80 anos nas profundezas do Lago Superior, foi finalmente localizado. Mas a descoberta dos restos do naufrágio não oferece respostas sobre os últimos momentos do Capitão Frederick Burke — e por que razão decidiu permanecer a bordo.

Nas primeiras horas de 1 de maio de 1940, um denso nevoeiro que se transformou numa feroz tempestade envolveu o Lago Superior, colocando a tripulação do S.S.  Arlington, um cargueiro de 74 metros, em grande perigo.

Sob o comando do Capitão Frederick Burke, o navio enfrentou a tempestade, ignorando a sugestão do primeiro oficial de que deveria manter-se junto à costa.

Esta decisão, recorda a Smithsonian, culminou no afundamento do navio, por volta das 4:30 da manhã, levando a tripulação a abandoná-lo. Mas Burke permaneceu a bordo, assistindo de pé ao desaparecimento do Arlington nas profundezas do lago.

Durante mais de oito décadas, o destino do Arlington e as motivações do Capitão Burke para ficar com o seu navio enquanto este afundava permaneceram um mistério.

No dia 12 deste mês, a Sociedade Histórica dos Naufrágios dos Grandes Lagos anunciou que o navio tinha sido encontrado, repousando a 183 metros abaixo da superfície do Lago Superior, a cerca de 56 quilómetros da costa de Michigan.

A descoberta foi possível graças a Dan Fountain, um investigador que notou uma anomalia nos dados de deteção remota enquanto perscrutava o Lago Superior, e confirmada através da tecnologia de sonar de varrimento lateral e veículos operados remotamente que identificaram o navio.

O achado despertou entusiasmo entre historiadores e a comunidade, trazendo luz a um dos muitos mistérios duradouros do Lago Superior. Contudo, a descoberta não esclarece as circunstâncias do afundamento do Arlington ou o que se passou nos últimos momentos do Capitão Burke.

Robert McGreevy

As histórias do capitão a acenar à tripulação que partia enquanto o navio se afundava foram passadas de boca em boca, sublinhando a tradição marítima de que o capitão deve ser o último a abandonar o seu navio. No entanto, os detalhes exatos das ações de Burke e as suas razões continuam desconhecidos.

O Lago Superior, conhecido pelas suas condições perigosas e por ser palco de centenas de naufrágios, incluindo o famoso Edmund Fitzgerald, mostrou novamente a sua natureza implacável naquela noite fatídica de 1940.

Ao contrário do seu capitão, a tripulação, resgatada pelo cargueiro Collingwood, sobreviveu ao naufrágio. A descoberta do navio naufragado encerra algumas das questões que a comunidade histórica e marítima mantinha por responder.

Mas os últimos momentos e decisões do Capitão Burke, e o motivo pelo qual escolheu permanecer a bordo — tenha sido um último ato de liderança ou um sinal de esperança num pedido de ajuda não respondido — continuam a ser um mistério.

ZAP //

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