Rei leão dos golos (e dos desarmes). Fenómeno Gyökeres já passou grandes goleadores

José Sena Goulão / Lusa

Viktor Gyökeres

Foi de longe o leão que rugiu mais alto nesta campanha histórica. Na sua época de estreia em Portugal, a contratação mais cara de sempre do Sporting rapidamente se tornou herói em Alvalade. Vamos a números.

Ibrahimovic, Cristiano Ronaldo e Haaland são a sua inspiração no local de trabalho e, a cada dia de passa, Viktor Gyökeres vai-se tornando quase uma fusão das suas referências.

Quem tem magia não precisa de truques — e a varinha do ponta-de-lança foi inquestionavelmente o seu faro para o golo.

Melhor marcador na Liga, acertou no alvo em 18 (58%) dos 31 jogos em que participou até agora. Foram 27 bolas no fundo das redes e 36 participações em golos — e ainda faltam jogar dois jogos. Leva também a melhor média de golos por jogo (0,87).

“Comer, dormir, marcar, repetir” é o seu lema, mas não foi só no marcador que o avançado fez estragos.

O furacão sueco é segundo em assistências (9) no plantel, estando apenas atrás de Pote (12), mas também ficou à frente de Hjulmand, Coates e de todos os outros colegas no que toca a desarmes, com uns impressionantes 79 roubos de bola.

Era a peça que faltava ao puzzle de Rúben Amorim, e encaixou na perfeição.

Bola de Prata diferenciado

Ainda com duas jornadas pela frente, e apesar de não podermos entregar-lhe já a Bola de Prata, os 27 tentos de Gyökeres já o colocam à frente de conhecidos goleadores da Liga Portuguesa. Comecemos pelo “clube dos 26”.

Oscar “Tacuara” Cardozo não passou dos 26 golos na Liga (chegou lá na temporada 2009/10, em que o Benfica foi campeão com Jorge Jesus pela primeira vez).

Em duas épocas pelos encarnados, Darwin Nunez também esteve lá perto, mas tal como o paraguaio não passou dos 26 golos, em 2021/22.

Foi também 26, na época 2012/13, a melhor marca de Jackson Martínez, em três épocas de azul e branco (nas quais foi sempre Bola de Prata).

Taremi, Seferovic, Lima, Hulk, Lisandro López e Liédson são alguns nomes deste século que ficam atrás do sueco, mas ‘Gyo’ também já marcou mais numa edição do que Domingos Paciência, Rui Águas, Paulinho Cascavel ou José Torres alguma vez marcaram.

O sueco de 25 anos já igualou o recorde do famoso bigode Artur Jorge e, se marcar mais um algures nos últimos dois jogos, vai ultrapassá-lo.

No entanto, ainda tem de olhar para cima para ver o ex-leão Bas Dost e o ex-Benfica Jonas, que chegaram aos 34 golos no campeonato, em 2016/17 e 2017/18, respetivamente.

Para lembrar alguém que tenha marcado tanto como Gyökeres além do holandês e do brasileiro — que já tinha visto a redonda bater no fundo das redes por 32 vezes na edição de 2015/16 — é preciso recuar mais de 20 anos a outra equipa do Sporting, numa altura em que só os sportinguistas sabiam porque não ficavam em casa.

Acima de Dost e Jonas o sueco pode ver Mário Jardel e a sua época de estreia pelo Sporting campeão de Laszlo Bölöni, em 2001/2002, em que o brasileiro apontou 42 golos na Liga Portuguesa.

Mais eficiente do que Mbappé

Olhando para as oito principais ligas europeias, Gyökeres foi mais eficiente do que o francês do PSG Kylian Mbappé, com um índice de eficácia de 0,28 por cada 90 minutos de jogo.

É uma lista baseada num estudo do Observatório do Futebol (CIES) liderada por um improvável finalizador mais eficiente… Paulinho (0,38), o seu companheiro de equipa e muitas vezes seu suplente.

“Gosto muito de estar aqui”, mas…

E agora, Gyökeres? Ficas ou vais?

“Eu adoro estar aqui. Tem sido fantástico. Vamos ver o que irá acontecer. Isto é futebol. Não posso prometer nada. Mas tenho contrato com o Sporting e gosto muito de estar aqui”, disse o ponta-de-lança no Marquês, entre os festejos leoninos.

“As coisas acontecem muito rápido no futebol e temos de nos adaptar. Sem Rúben Amorim? É difícil prever. É o nosso treinador e ainda temos alguns jogos até ao final da época”, reforçou: “é fantástico, é um dia feliz e vamos celebrar. Preciso de mais cerveja.”

O agente do avançado já deixou tudo às claras no mês passado. “Se o Rúben [Amorim] sair, será mais difícil o Viktor ficar no Sporting“, disse, em declarações ao jornal A Bola.

Sueco não esteve sozinho

Com 27 vitórias em 32 jogos, o Sporting sagrou-se campeão no sofá a duas jornadas do fim de uma época que fica para a história leonina.

Há 77 anos que o Sporting não marcava tanto — foram, até agora, 136 golos, dos quais 92 na Liga —, algo que não se via desde os Cinco Violinos.

E foi em Alvalade que a orquestra tocou sempre “afinadinha”: 16 jogos, 16 vitórias. Nunca tinha sido feito (à atenção de que ainda falta uma receção, ao Chaves, na última jornada).

Tomás Guimarães, ZAP //

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