“Guerra religiosa” à vista. Ministro israelita faz visita polémica apesar de ameaças do Hamas

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Visita de Ben Gvir à Esplanada das Mesquitas.

O novo ministro da Segurança Nacional e figura de extrema-direita de Israel visitou esta terça-feira a Esplanada das Mesquitas, um local sagrado no centro das tensões em Jerusalém Oriental, apesar das ameaças do Hamas palestiniano.

“O nosso Governo não cederá às ameaças do Hamas”, disse Itamar Ben Gvir, após o movimento islâmico palestiniano Hamas, que controla a Faixa de Gaza, afirmar que a decisão do ministro de visitar o local se tratava de “um prelúdio para uma escalada na região”.

Terceiro local mais sagrado do Islão e o local mais sagrado do judaísmo, o espaço também conhecido como “Monte do Templo” fica situado na Cidade Velha de Jerusalém, no setor palestiniano ocupado e anexado por Israel.

Em virtude do ‘status quo’ histórico, os não-muçulmanos podem visitar o local em momentos específicos, mas não podem rezar ali. Nos últimos anos, contudo, um número crescente de judeus, sobretudo nacionalistas, têm-no feito, o que tem sido denunciado pelos palestinianos como uma “provocação”.

Itamar Ben Gvir, que se deslocou várias vezes ao local como membro do Parlamento, anunciara a intenção de se deslocar à Esplanada das Mesquitas como ministro.

“É bom termos uma boa relação com o povo palestiniano”, afirmou.

A liderança do Hamas tinha avisado que os palestinianos estavam prontos para um “confronto aberto” com Israel, onde um Governo de extrema-direita e antiárabe tomou posse.

O líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, fez o anúncio na principal cidade da Faixa de Gaza, durante um comício numa parada militar, que foi vista como uma demonstração de força por ocasião do 35.º aniversário do nascimento do movimento.

“O nosso povo palestiniano está em confronto aberto com o inimigo sionista, que insiste em transformar a batalha numa guerra religiosa”, disse Sinwar, apelando à resistência.

O dirigente palestiniano explicou que a Esplanada das Mesquitas de Jerusalém está ameaçada pela “invasão de um talmúdico e fascista Governo sionista e de direita“.

Dezenas de milhares de apoiantes do Hamas encheram a Praça Katiba, em Gaza, enquanto se ouvia uma música solene e marchavam no meio da multidão membros de uniformes pretos do braço armado do grupo.

Desde a escalada da guerra em maio de 2021 – na qual morreram mais de 250 habitantes de Gaza – o Hamas manteve uma postura mais moderada em relação a Israel, chegando a negociar trocas de prisioneiros com a mediação do Egito.

“O nosso silêncio é uma preparação e, se falarmos, serão as armas que falarão por nós”, ameaçou Sinwar, num tom mais contundente em relação a Israel do que o usado nos últimos meses.

No entanto, como partido no poder, o principal desafio do Hamas é melhorar as condições de vida de 2,3 milhões de palestinianos que vivem no enclave, com uma taxa de desemprego superior a 50%.

A marcha coincide com um momento de tensão na Cisjordânia ocupada, que vive o seu ano mais violento desde 2006, com ataques, incursões quase diárias e confrontos armados que já mataram 166 palestinianos.

Alteração significará “declaração de guerra”

A Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) alertou, segunda-feira, que qualquer alteração na Esplanada das Mesquitas significará uma “declaração de guerra” e denunciou os planos do novo Governo israelita de permitir que os judeus rezem no local.

O porta-voz da Presidência da ANP, Nabil Abu Rudeina, denunciou “as repetidas ameaças de mudar o ‘status quo’ histórico da Mesquita de Al-Aqsa, pedindo permissão para celebrar orações e rituais judaicos, para construir uma sinagoga no quintal e ‘direitos iguais’ para todas as religiões em Al-Aqsa”, segundo a agência de notícias palestiniana WAFA.

Abu Rudeina recordou ainda a “escalada [de violência] nos colonatos nos territórios palestinianos ocupados e as mortes diárias” e referiu-se em particular à morte de dois jovens em Kufer Dan numa operação das forças israelitas.

O assessor pediu ainda a Washington para reagir, indicando que este caso será “o verdadeiro teste” da posição dos Estados Unidos “perante as práticas e políticas extremistas do Governo de Israel” e das resoluções da ONU, especialmente a que insta o fim dos colonatos e a de apoio à solução de dois Estados.

Também lembrou os compromissos do presidente norte-americano, Joe Biden, e do secretário de Estado Antony Blinken.

“É o momento de essas palavras se tornarem realidade antes que seja tarde demais. Se não forem parados por uma forte pressão dos Estados Unidos, o controlo da situação será perdido”, alertou.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. “Guerra Religiosa a vista” ………. Diria Eu que se trata de uma simples continuidade , do habitual como se fosse uma (tradição) , como no Desporto com alguns intervalos !

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