A guerra em Gaza entrou numa nova etapa

Atef Safadi / EPA

Guerra em Israel

“O solo tremeu”, descreveu o ministro da Defesa de Israel. Do Egito chega um aviso do presidente Abdelfatah Al Sisi.

O ministro da Defesa de Israel disse que “o solo tremeu em Gaza” e que a guerra contra os líderes do enclave palestiniano, o grupo islamita Hamas, entrou numa nova etapa.

“Passamos para a próxima etapa da guerra”, disse o ministro da Defesa, Yoav Gallant, em declarações hoje divulgadas pelos meios de comunicação israelitas.

“Na noite passada [sexta-feira], o solo tremeu em Gaza. Atacamos acima do solo e no subsolo. (…) As instruções para as forças são claras. A campanha continuará até novo aviso.”

As suas declarações marcam a aceleração gradual rumo a uma possível ofensiva terrestre total no norte de Gaza.

Gallant disse na sexta-feira que Israel espera em breve uma longa e difícil ofensiva terrestre em Gaza.

“Levará muito tempo” para desmantelar a vasta rede de túneis do Hamas, disse, acrescentando que espera uma longa fase de combates de menor intensidade, enquanto Israel destrói “focos de resistência”.

Israel expandiu a sua operação terrestre em Gaza, enviando tanques e infantaria apoiados por massivos ataques aéreos e marítimos.

Os bombardeamentos israelitas da noite de sexta-feira para hoje foram descritos pelos residentes de Gaza como os mais intensos da guerra e, além disso, também foram interrompidas as comunicações no enclave.

Isto levou ao isolamento de grande parte dos 2,3 milhões de pessoas que estão no enclave palestiniano, ao mesmo tempo que permitiu aos militares israelitas controlarem a narrativa numa nova fase dos combates.

Os militares israelitas divulgaram hoje imagens desfocadas que mostram colunas de tanques movendo-se lentamente em áreas abertas de Gaza, aparentemente perto da fronteira, e disseram que aviões de guerra bombardearam dezenas de túneis e ‘bunkers’ subterrâneos do Hamas. Os locais subterrâneos são um alvo chave na campanha de Israel para exterminar o Hamas, após a sua sangrenta incursão em Israel há três semanas.

No início da guerra, Israel já tinha reunido centenas de milhares de soldados ao longo da fronteira. Até agora, as tropas haviam realizado breves incursões terrestres noturnas antes de regressarem a Israel.

O número de palestinianos mortos em Gaza subiu hoje para mais de 7.700 pessoas desde 07 de outubro, com 377 mortes relatadas desde sexta-feira, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas. A maioria dos mortos são mulheres e crianças, disse a mesma fonte.

O porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas, Ashraf al-Qidra, disse aos jornalistas que a interrupção das comunicações “paralisou totalmente” a rede de saúde.

Os moradores não tinham como chamar ambulâncias e as equipas de emergência seguiam os sons de artilharia e dos ataques aéreos em busca de pessoas que necessitassem de ajuda.

Mais de 1,4 milhões de pessoas fugiram das suas casas, quase metade amontoam-se em escolas e abrigos das Nações Unidas.

Os trabalhadores humanitários dizem que a quantidade de ajuda que Israel permitiu entrar no enclave, através do Egito na semana passada, é uma pequena fração do que é necessário. Os hospitais de Gaza têm procurado combustível para alimentar geradores de emergência, que suportam incubadoras e outros equipamentos vitais.

“Não se pode tocar no Egito”

O Presidente egípcio avisou hoje que “não se pode tocar” no Egito e apelou ao respeito pela soberania do país, depois de drones terem ferido, na sexta-feira, seis pessoas em duas estâncias turísticas no leste da Península do Sinai.

“O Egito é um país soberano. Peço a todos que respeitem a sua soberania e o seu estatuto. Não estou a dizer isto por orgulho, mas (o Egito) é um Estado muito forte que não pode ser tocado“, disse Abdelfatah Al Sisi num discurso na abertura da Exposição Internacional da Indústria.

Segundo o chefe de Estado egípcio, os drones que atingiram as cidades de Taba e Nuweiba, no Sinai, foram abatidos, sem precisar mais pormenores.

O exército indicou que os drones foram lançados a partir do sul do mar Vermelho, enquanto o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita culpou os rebeldes houthi no Iémen, apoiados pelo Irão, acrescentando que o ataque tinha como alvo Israel, mas foi intercetado por um navio de guerra norte-americano.

Não interessa de onde vieram“, disse Al Sisi, que voltou a avisar que “o prolongamento do conflito não beneficiará ninguém na região do Médio Oriente”, antes tornando-se numa “bomba-relógio que prejudicará a todos“.

De acordo com o exército egípcio, pelo menos seis pessoas ficaram feridas quando um drone atingiu, na sexta-feira, um centro hospitalar nas proximidades da cidade fronteiriça israelita de Taba.

Algumas horas mais tarde, um “objeto estranho” aterrou numa zona deserta da cidade turística de Nuweiba, cerca de 70 quilómetros a sul de Taba, sem causar vítimas.

Os houthis iemenitas avisaram em várias ocasiões que “não ficarão de braços cruzados perante a guerra genocida” em Gaza, advertindo que “ultrapassar as linhas vermelhas obriga o Iémen a cumprir o seu dever religioso e de princípio”, mas até agora não reivindicaram a ação.

// Lusa

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