O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) advertiu que a Grande Barreira de Coral australiana corre o risco de se tornar “numa lixeira”, se Camberra não proibir totalmente os despejos nas águas do parque marinho, Património da Humanidade.
“Se nada for feito, a Grande Barreira de Coral – um dos habitats marinhos mais ricos do planeta – corre o risco de se tornar numa lixeira e numa autoestrada marinha”, afirmou a organização não-governamental (ONG) de defesa ambiental, num relatório divulgado esta segunda-feira.
Para evitar que o local fosse colocado na lista do património em perigo, a Austrália proibiu, em janeiro, o despejo de resíduos provenientes de dragagens.
De acordo com os ecologistas, estes despejos de resíduos destroem o local, ao asfixiar os corais e as algas que constituem a maior formação viva no planeta, expondo o local a venenos variados.
O relatório precisa que as expansões portuárias no interior das águas da barreira de coral, que perdeu perto de 51 milhões de metros cúbicos de fundo marinho, põem em risco a beleza natural do local.
Estas expansões servem para aumentar a capacidade em carvão dos portos da região, de 267 milhões de toneladas anuais para 637 milhões de toneladas, e permitem ao complexo portuário aproximar-se da capacidade total do porto de Xangai (China), o maior do mundo, de acordo com o documento do WWF.
Os autores do relatório consideram que o projeto é desnecessário, dado que a capacidade dos portos existentes não é usada, na maior parte do tempo.
Sob a ameaça de inscrever o local na lista do património em perigo, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) deu a Camberra até 1 de fevereiro para apresentar um relatório sobre medidas de proteção.
As autoridades australianas disseram ter já apresentado várias garantias à UNESCO, nomeadamente, a proibição total de dragagem de novas zonas fora dos portos prioritários, durante dez anos.
“Sabemos que a barreira de coral encara vários desafios, mas estamos a fazer progressos significativos. Fortes indícios mostram que os nossos esforços não são insignificantes”, declarou, na semana passada, o ministro do Ambiente australiano, Greg Hunt.
/Lusa