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Governo substitui administração da Parvalorem com contas por divulgar

Manuel de Almeida / Lusa

O ministro das Finanças, Mário Centeno

O conselho de administração da Parvalorem, a entidade pública criada para gerir os ativos tóxicos do antigo BPN, vai ser substituído até final de março.

A informação, avançada pelo Público, foi já comunicada aos trabalhadores do veículo liderado desde agosto de 2012 por Francisco Nogueira Leite.

A substituição de Nogueira Leite ter-lhe-á sido comunicada nos últimos dias pelo Ministério das Finanças e chega 14 meses depois de o gestor ter terminado o seu mandato, o que se verificou no final de 2017. Na equipa de administração da Parvalorem estão ainda Bruno Castro Henriques e Maria Paula Poças.

Foi na quinta-feira que Nogueira Leite convocou os diretores da Parvalorem para lhes comunicar que ia deixar a instituição. No grupo da alta direção do veículo público, gestor dos ativos tóxicos do antigo BPN, encontram-se vários ex-colaboradores próximos de Oliveira Costa. Alguns pertenceram mesmo às equipas de gestão do antigo banqueiro, que o Ministério Público condenou a 15 anos de prisão.

O BPN foi alvo de uma megaburla, perpetuada ao longo de anos, e que já provocou prejuízos aos contribuintes nacionais de mais três mil milhões, podendo as perdas chegar a sete mil milhões.

Tudo indica, segundo o mesmo jornal, que Francisco Nogueira Leite deixa a Parvalorem, sem tornar públicas as contas de 2017 e de 2018. No entanto, dentro do Ministério das Finanças admite-se que na assembleia geral que vai substituir a atual equipa de administração o accionista – o Estado – estará em condições de aprovar as contas de 2017, que aparentemente ainda não foram fechadas, tal como acontece com os números de 2018.

A Parvalorem conta atualmente com cerca de 160 trabalhadores e gere ativos de cerca de três mil milhões de euros, entre propriedades e imóveis, obras de arte e numerário.

Esta semana, foi noticiado um negócio que vai reverter em parte substancial para a Parvalorem: a venda por 1,9 milhões de euros de duas quintas na região do Douro ao banqueiro luso-angolano Fernando Teles, grande accionista do BIC Angola e presidente não executivo do EuroBic – que absorveu o BPN. Foi Teles que comprou ao Estado o BPN e negociou com a Parvalorem a compra de ativos considerados não tóxicos.

As duas propriedades, a Quinta da Boa Vista (1,4 milhões) e a Quinta da Ponte (773 mil euros), pertenciam a um devedor do BPN, o ex-deputado do PSD Manuel António dos Santos, antigo presidente da Casa do Douro, que se declarou falido, com dívidas de 3,6 milhões de euros. O seu maior credor é a Parvalorem, que reclama 1,5 milhões de euros e que será agora ressarcida.

A venda das duas quintas a Fernando Teles ocorre depois de o leilão público ter sido anulado com o preço base de licitação de 2,1 milhões de euros.

ZAP //

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