Governo comprometeu-se a reduzir plantação de eucaliptos, mas vai aumentá-la

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O Governo está a preparar a publicação de um diploma que prevê a plantação de eucaliptos em mais 36.726 hectares em 126 dos 278 concelhos do continente. Ambientalistas contestam a decisão.

Em julho, o Governo celebrou os contratos-programa de 47 Áreas Integradas de Gestão da Paisagem (AIGP), que abrangem quase 100 mil hectares de intervenção, em 26 concelhos, com o intuito de tornar o território mais resiliente aos incêndios.

As 47 AIGP têm uma média de dois mil hectares cada uma e estima-se que estejam abrangidos pelo projeto 170 mil prédios rústicos, numa iniciativa pensada para transformar a floresta, marcada pela monocultura do eucalipto e pinheiro, com a reintrodução da agricultura e da silvopastorícia, conforme explicou na altura o secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, João Paulo Catarino.

No entanto, agora o jornal Público refere que o Governo está a aumentar a área de plantação destas árvores, ao invés de a reduzir – como foi prometido em 2015, quando se apontou como meta para 2030 um total de 812 mil hectares de eucaliptal em Portugal.

Está a ser preparada a publicação de um diploma que prevê a plantação de eucaliptos em mais 36.726 hectares em 126 dos 278 concelhos do continente.

De recordar que Portugal é o país com maior área plantada desta espécie na Europa, ocupando o 5.º lugar a nível mundial, pelo que vai ficar, com esta medida, com 881.735 hectares cobertos, cerca de 10% da superfície do território continental, segundo o jornal.

De acordo os ambientalistas que analisaram o diploma, “não há nenhum concelho do território continental português onde esteja prevista a contração de área para plantações de eucalipto” – inclusive nas áreas protegidas.

Os casos mais evidentes encontram-se nos concelhos de Arcos de Valdevez (mais 329 hectares), Póvoa do Lanhoso (mais 303 hectares), Montijo (mais 561 hectares), Aljezur (mais 585 hectares), Grândola (mais 579 hectares), Alcácer do Sal (mais 739 hectares) e Odemira (mais 3.149 hectares).

Neste último município do litoral alentejano está concentrada a maior plantação de eucaliptos a nível nacional que cobre, neste momento, 31.492 hectares. A área florestada vai passar a ter 34.641 hectares, num território com 172.000 hectares de superfície e fustigado, quase todos os anos, por fogos florestais de grande intensidade e períodos de seca severa e extrema.

Por isso, recorrendo a uma carta aberta, oito organizações nacionais questionam “quais os critérios que baseiam a proposta do Governo para aumento dos limites das áreas máximas destas plantações por município”, pedindo ainda que a iniciativa seja anulada.

ZAP //

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4 Comments

  1. Mas ainda alguém acredita neste governo?!!

    Disse que ia diminuir os impostos depois da Troika (que foi o resultado do trabalho ardiloso do 44) e afinal aumentou-os!!!
    2019 foi o maior saque alguma vez feito à carteira dos portugueses. E os combustíveis estão nos preços que estão.

    Diz que se preocupa muito com o ambiente e por esse mesmo motivo não baixa o imposto sobre os combustíveis e depois nem à cimeira do ambiente vai (onde estão presentes os maiores chefes de estado do mundo).

    Disse que ia reduzir a plantação de eucaliptos e depois aumenta-a.

    Na saúde disse em 2020 que iria reforçar o orçamento (e até fez um orçamento retificativo) e depois nem o inicial gastou! Depois admirem-se que os médicos se demitam, que o INEM tenha 20% das ambulâncias encostadas e que em situações de urgência o tempo médio de resposta seja de uma hora!!!!!!!!!! Uma hora morrem todos os que tiverem enfartes do miocárdio, avc’s, etc (ou pelo menos ficarão seguramente com sequelas para toda a vida).

    Mas quem é que esta gente ainda engana?
    E não se esqueçam dos golpes do lítio, hidrogénio e por aí fora.

  2. De toda maneira, com ou sem autorização, as plantações não parem, por isso as metas já estão certamente largamente ultrapassadas. Não há nenhuma fiscalização!

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