Governo explica caos no comboio em Benfica. “Parecia de país de terceiro mundo”, diz PSD

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Nelso Silva / Flickr

Hora de ponta misturada com greve e com atraso. As justificações do secretário de Estado das Infraestuturas sobre o incidente na linha de Sintra.

O secretário de Estado das Infraestuturas considerou hoje que o incidente com um comboio na linha de Sintra, na quarta-feira, resultou de uma “conjugação de fatores”, entre eles a greve na CP e o facto de ser hora de ponta.

“O incidente que ocorreu ontem [na quarta-feira] resultou de uma conjugação de vários fatores. Em primeiro lugar, era hora de ponta (…). Depois, naturalmente, como o efeito da greve, estavam a funcionar os serviços mínimos e havia um menor número de comboios”, disse o secretário de Estado, Frederico Francisco, em declarações à Lusa.

Além disso, continuou o governante, o comboio “vinha com um atraso significativo porque no itinerário anterior, em sentido inverso” houve uma pessoa que se sentiu mal a bordo e que teve de ser assistida, o que levou a uma maior acumulação de pessoas nas estações e maior ocupação daquele comboio do que seria de esperar.

Em causa, um comboio da CP que seguia lotado na quarta-feira, dia de greve na empresa, que ficou parado mais de uma hora a um quilómetro da estação de Benfica, em Lisboa, com alguns passageiros a sentirem-se mal e a optarem por fazer o resto do caminho a pé.

Segundo o secretário de Estado, neste caso a CP “assume as responsabilidades que tem de assumir” e, perante a ocorrência, a empresa “tomou as providências que tinha a tomar”.

“Foram imediatamente chamadas as autoridades ao local para garantir a segurança das pessoas que estavam a sair para a linha”, realçou Frederico Francisco, sublinhando que “todas as respostas que tinham de funcionar, funcionaram” e que nunca esteve em causa a segurança dos passageiros.

Na sequência do incidente será feita “uma avaliação interna para verificar se alguma coisa correu mal e que medidas é que podem ser tomadas para evitar que se repitam situações destas no futuro”, disse ainda o governante.

O Governo vai “continuar a acompanhar e, caso seja necessário, a intervir nas negociações” entre os sindicatos e a administração da CP com vista a encontrar uma solução “aceitável” para ambas as partes, afirmou o secretário de Estado, afastando “de todo” a hipótese de uma requisição civil para travar as greves na CP.

Questionado sobre se o incidente na linha de Sintra estaria relacionado com uma fraca oferta de comboios, como referem alguns sindicatos, o secretário de Estado considerou que neste momento a empresa está a conseguir dar resposta à procura, embora ela tenha aumentado nos últimos anos.

“Já conseguimos recuperar mais oito automotoras para reforçar o serviço naquela linha e a verdade é que a situação que havia há dois, três anos, em que havia um grande número de supressões diariamente de comboios e que nos causavam dificuldades, provocavam algumas situações de comboios muito lotados, elas hoje em dia, em dias sem greve, em dias de operação normal, elas não ocorrem”, afirmou Frederico Francisco.

Segundo o secretário de Estado, o Governo está a fazer investimentos face ao aumento da procura, dando como exemplo “a quadruplicação do troço da linha de cintura entre Roma Areeiro e Braço de Prata” e com “o concurso para os 117 novos comboios que irão reforçar as linhas da CP.

A adjudicação do concurso deverá ocorrer “dentro de um mês ou dois, no máximo” para que os novos comboios “possam começar a chegar a partir de 2026”, disse o governante.

PSD pede audição urgente

O PSD pediu a audição parlamentar urgente do ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, da administração da CP, sindicatos e utentes da linha de Sintra sobre o “grave incidente” com um comboio lotado.

“O grave incidente na linha de Sintra, ocorrido na noite de ontem, que levou à paragem de um comboio sobrelotado e à saída de passageiros para a linha, é uma imagem que julgávamos possível apenas num país do terceiro mundo”, referem os sociais-democratas, num requerimento dirigido ao presidente da Comissão de Economia.

O PSD considerou que esta degradação do serviço de transporte ferroviário suburbano “prejudica gravemente os utentes com consequências para o funcionamento da rede de transportes metropolitanos”.

“O Programa de apoio à redução tarifária, que permitiu a diminuição do preço dos passes, criou, justamente, a expectativa de maior utilização dos transportes públicos”, apontam os deputados, lamentando que a degradação da oferta “frustre o convite à utilização dos transportes públicos e desrespeite os utentes”.

Para o PSD, o incidente de quarta-feira à noite “constitui a expressão dos problemas nos transportes públicos suburbanos que afeta centenas de milhares de cidadãos deve merecer a atenção da Assembleia da República e exige esclarecimentos”.

Por essa razão, o PSD requer a audição urgente do Conselho de Administração da CP, da Comissão de Utentes da linha de Sintra, dos sindicatos do setor e do ministro do Ambiente e Ação Climática, que tutela os transportes urbanos e suburbanos.

A CP – Comboios de Portugal anunciou entretanto que iniciou uma avaliação interna sobre o incidente, durante o qual um passageiro acionou o sinal de alarme.

Este comboio, que fazia a ligação Lisboa-Sintra, estava previsto nos serviços mínimos decretados para a greve de quarta-feira e circulava “com um atraso de 45 minutos em consequência do auxílio prestado a passageiros na viagem imediatamente anterior”, salientou ainda a transportadora.

A CP divulgou em comunicado que iniciou uma avaliação interna sobre o incidente, explicando que, pelas 19:43 de quarta-feira, um passageiro acionou o sinal de alarme do comboio que fazia a ligação Lisboa-Sintra e que “circulava com a lotação completa”.

O comboio parou entre as estações de Campolide e Benfica, a cerca 700 metros da estação, referiu a empresa.

Este comboio estava previsto nos serviços mínimos decretados para a greve de quarta-feira e circulava “com um atraso de 45 minutos em consequência do auxílio prestado a passageiros na viagem imediatamente anterior”, salientou a CP.

// Lusa

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  1. A solução para o Estado e a CP: obrigar os funcionários do Estado desde o topo à base a declarar se colaboram ou pertencem à Maçonaria/sociedades secretas, proibir os sindicatos e a actividade sindical na Função Pública/Estado, impedir que os candidatos ingressem na Função Pública caso tenham um ou mais familiares a trabalhar no mesmo Sector Público ao qual se candidatam.

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