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Governo de Passos Coelho sabia dos créditos problemáticos da Caixa

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José Sena Goulão / Lusa

Pedro Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque

Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças do governo de Pedro Passos Coelho, tinha sido avisada sobre a existência de créditos problemáticos da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

De acordo com o jornal i, o Ministério das Finanças recebeu ao longo de 2015 relatórios trimestrais da CGD a alertar para um conjunto de créditos problemáticos que mereciam “particular atenção”, devido às imparidades que poderiam causar no banco público.

A informação está num relatório da comissão de auditoria da CGD relativo às contas de 2015, a que o i teve acesso, referindo-se a uma averiguação da Deloitte que identificou um conjunto de empréstimos de risco.

“O relatório sobre o processo de quantificação da imparidade da carteira de crédito do grupo CGD elaborado pelo auditor externo identifica um conjunto de créditos objeto de acompanhamento, os quais mereceram particular atenção da Comissão de Auditoria, conforme relatórios trimestrais emitidos para a Tutela”, lê-se no documento anual.

A Comissão de Auditoria é o órgão da CGD responsável pela fiscalização da contabilidade e das práticas de gestão do banco, e exerce uma função de controlo sobre os atos da administração e os riscos que o banco assume.

Presidida pelo advogado Eduardo Paz Ferreira, conhecido e conceituado fiscalista – e casado com a atual ministra da Justiça, Francisca Van Dunem -, uma das tarefas da comissão de auditoria é avaliar os relatórios do auditor externo da CGD, a Deloitte, e enviar depois relatórios próprios à tutela no governo, a cada trimestre.

O i relata que a comissão de auditoria teve uma atividade intensa no ano passado, com a equipa de Paz Ferreira a reunir 17 vezes – em vez das legalmente previstas seis -, mais do que em qualquer outro ano do atual mandato.

Maria Luís Albuquerque recebeu pelo menos três dos relatórios trimestrais sobre a situação da CGD. No anterior executivo, a secretária de Estado do Tesouro era Isabel Castelo Branco.

Empréstimos de risco

Na semana passada, o Correio da Manhã noticiou que uma auditoria de agosto de 2015 considerou que a CGD tinha concedido créditos com “deficiente análise de risco” ou com garantias claramente insuficientes.

O diário identifica o documento como uma “auditoria interna”, mas não especifica se se trata do relatório sobre imparidades de crédito elaborado pela Deloitte.

Segundo o CM, a CGD tinha uma exposição de “mais de 2,3 mil milhões de euros de empréstimos em risco de não serem pagos”.

Só nos nove maiores devedores da CGD, as imparidades chegavam a 912 milhões de euros.

O maior devedor da CGD identificado na notícia era o grupo Artlant, com 476 milhões em dívida e 214,4 milhões em crédito perdido (imparidades).

Outros créditos em risco fora concedidos aos grupos Espírito Santo, Lena e Efacec, além do projeto Vale do Lobo, com 282,9 milhões de euros de exposição e 138,1 milhões em imparidades.

Este empreendimento está ligado ao antigo administrador Armando Vara, a quem são atribuídos alguns dos empréstimos com mais perdas, e é alvo da investigação do Ministério Público que tem José Sócrates como alvo principal.

Inquérito do PSD

Mesmo tendo tido a tutela do banco público até novembro do ano passado e de ter recebido relatórios trimestrais sobre a CGD, o PSD decidiu avançar, de forma potestativa, com uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da Caixa.

A CPI para apurar o que correu mal na CGD terá de avaliar atos de gestão imputados a administrações executivas que integraram dois governadores, Carlos Costa e António Sousa, e vice-governadores do Banco de Portugal, José Ramalho e José Matos.

O Público relata que, ao longo dos anos, o maior banco contou com uma governação onde figuram nomes do PS, o PSD e o CDS.

Nas várias administrações marcaram presença figuras como os social-democratas Faria de Oliveira, Vítor Martins, Mira Amaral ou os centristas Celeste Cardona e Nuno Fernandes Thomaz.

Do campo socialista surgem Armando Vara, Maldonado Gonelha, Carlos Santos Ferreira, Francisco Bandeira (que esteve no BPN após absorção pela CGD), Rodolfo Lavrador ou Vítor Fernandes (hoje administrador do Novo Banco).

Muitos destes gestores integraram equipas agora associadas aos processos de concessão de crédito discutíveis.

Entre 2002 e 2012, o Estado, o único acionista, injetou no maior banco público 4.350 milhões de euros, verba a que se irá juntar agora entre 2.500 milhões e quatro mil milhões, um processo de recapitalização do banco que está ainda a ser alvo de negociações com Bruxelas.

ZAP

6 Comments

    • Victor Moutinho, ponho uns óculos normais e veja um pouco mais á frente…com os óculos escuros não consegues ver nem a ponta do nariz, quanto mais “olhar” para o dia anterior…

      • Não desvie o assunto e meta também uns óculos, de preferência umas lupas. Afinal o Passinhos sabia o que se passava e nada fez. Todos sabemos que haverá mais culpados mas esta nódoa do Passos que já nem com benzina sai, quer enganar quem?

  1. O que interessa não é que tenham dado conhecimento a M L Albuquerque, o que interessa é saber quem aprovou esses créditos sem garantias pois esses é que são responsáveis pela situação criada. De que serve a informação depois do mal estar feito?

  2. Saber todos deveriam saber desde PSD/CDS PS PCP e BE além do BdP entre outros, o que nos interessa mais saber é quem aprovou esses créditos, a quem foram aprovados e com que intensões, mais ainda que se faça justiça com mão pesada aos prevaricadores, eles foram nomeados para gerir os Bancos com salários acima dos governantes e são eles os responsáveis pela boa ou má gestão dos mesmos, não podem ser apenas responsáveis para receber esses chorudos ordenados fazerem a porcaria que muito bem entendem e depois lavar as mãos como pilatos, enviá-los para a China para serem chicoteados seria talvez uma boa ideia para lhes lembrar os deveres a cumprir, se não se castigarem os responsáveis estes e outros que lhes sucedam continuarão sempre a fazer aquilo que muito bem entendem e a perderem o sentido de responsabilidade tão necessário para a boa orientação de qualquer empresa.

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