Medida quer dar resposta ao insuficiente apoio às grávidas da Margem Sul do Tejo. Projeto-piloto está em marcha, mas urgências continuam a encerrar.
As urgências obstétricas da unidade do Barreiro vão encerrar. Agora, o serviço vai ficar reservado ao Hospital Garcia de Orta, em Almada.
Segundo avança o Expresso, a mudança vai trazer a nomeação de novas administrações para estes dois hospitais. Mas as mudanças não se ficam por aqui.
O governo vai criar um Centro Materno-Infantil da Península de Setúbal, que vai reunir profissionais obstetras, meios técnicos e cuidados SOS. A medida tenta dar resposta ao problema que tem afetado as grávidas da margem Sul, que tiveram já por várias vezes — inclusive esta semana — os serviços de urgência obstétrica encerrados nos três hospitais.
O presidente da Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, Caldas Afonso, explica que a proposta, já apresentada à ministra da Saúde esta semana, terá uma “resposta em breve”. “Vai ser um upgrade, com uma majoração e com a distribuição da atividade”, garante o médico.
“O Barreiro ficará com o acompanhamento, os exames e alguns partos programados e Almada vai centralizar a atividade mais diferenciada e toda a urgência, o que inclui os profissionais necessários”, explica ainda Caldas Afonso.
O projeto-piloto de urgências em obstetrícia exclusivamente referenciadas teve já início no final do ano passado noutras regiões, inclusive a de Lisboa e Vale do Tejo, mas não na Península de Setúbal, por falta de preparação de procedimentos, explica o médico.
“Comprometeram-se a iniciar em janeiro e a manterem sempre, pelo menos, duas urgências abertas, mas não foi cumprido e logo no início do ano estiveram todos fechados”, diz. “Sabíamos que a península de Setúbal seria a mais complicada, dada a falta de recursos” É por isso que, com a situação de encerramento de urgências a prolongar-se este ano, teve de ser encontrada “uma solução para dar resposta, segurança e garantir continuidade”: o novo Centro.
Ainda assim, os responsáveis dos hospitais do Barreiro, Almada e Setúbal garantem ao Expresso que o projeto-piloto de urgência referenciada está em marcha desde o início de 2025.
Ninguém consegue, portanto, justificar o ainda recorrente encerramento das três urgências obstétricas. Fontes internas apontam para falta de coordenação.