O nosso gosto musical pode ter uma justificação inesperada

Um novo estudo sugere que a genética desempenha um papel significativo no prazer que sentimos com a música.

Já alguma vez se perguntou porque é que algumas músicas nos tocam o coração enquanto outras mal nos chegam aos ouvidos? Acontece que o nosso gosto pela música pode não ser apenas uma questão de gosto pessoal ou de antecedentes culturais, mas pode também ter uma motivação genética.

Esta investigação envolveu mais de 9 mil gémeos do Registo de Gémeos Sueco, que incluía cerca de 3.400 gémeos idênticos e 5.600 gémeos não idênticos.

A importância do estudo dos gémeos reside na sua composição genética; os gémeos idênticos têm genomas idênticos, enquanto os gémeos não idênticos partilham apenas cerca de metade do seu material genético.

Esta configuração única permite aos investigadores isolar e identificar melhor os efeitos da genética sobre os fatores ambientais, uma vez que todos os gémeos foram criados na mesma casa, partilhando assim condições de educação semelhantes.

Foi pedido aos participantes que preenchessem o Questionário de Recompensa Musical de Barcelona, que inclui afirmações concebidas para avaliar o nível de prazer obtido com as atividades musicais.

Afirmações como “quando partilho música com alguém, sinto uma ligação especial com essa pessoa” ajudaram os investigadores a avaliar as respostas emocionais associadas ao prazer musical. Outra dimensão do estudo consistiu em testar a capacidade dos gémeos para distinguir entre diferentes elementos musicais, como melodias e ritmos.

A análise indicou que os gémeos idênticos apresentavam mais do dobro da semelhança nas características de apreciação musical em comparação com os gémeos não idênticos, detalha a New Scientist.

Curiosamente, o estudo também sugeriu que gostar de música não está necessariamente associado ao talento musical, uma caraterística anteriormente ligada a fatores genéticos. Esta distinção revela que o prazer de ouvir música e a capacidade de a executar ou compreender podem ter origens genéticas diferentes.

Os resultados sugerem que os fatores genéticos podem desempenhar um papel crucial na razão pela qual certos sons e canções ressoam mais em alguns indivíduos do que noutros.

No entanto, o estudo não está isento de céticos. Nick Collins, da Universidade de Durham, no Reino Unido, salientou o papel significativo das influências culturais na apreciação musical, sugerindo que, embora a genética possa influenciar as nossas preferências auditivas até certo ponto, os elementos culturais moldam fortemente a evolução da música e as nossas reações a ela.

ZAP //

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