O caso do “assessor fantasma”, que fez cair um secretário de Estado, ainda está por esclarecer. O então ministro da Defesa terá sido aconselhado por Capitão Ferreira.
As dúvidas à volta de Marco Capitão Ferreira continuam, mesmo depois da demissão do agora ex-secretário de Estado da Defesa.
Marco Capitão Ferreira assinou, em Março de 2019, um contrato com a Direção-Geral de Recurso da Defesa Nacional (DGRDN). Seria responsável por fazer assessoria na gestão dos contratos de manutenção de helicópteros.
O contrato previa que a tarefa durasse dois meses – mas, ao fim de quatro dias, o serviço ficou completo. Por esse serviço de assessoria, Marco Capitão Ferreira recebeu cerca de 60 mil euros em apenas quatro dias.
A Polícia Judiciária suspeita que esse contrato fictício foi uma forma de remuneração pelo trabalho de aconselhamento informal de João Gomes Cravinho, então ministro da Defesa.
O jornal Observador reforça que Capitão Ferreira terá sido assessor informal de João Cravinho entre Fevereiro e Março desse ano, 2019.
A assessoria terá sido centrada no tema “Economia da Defesa Nacional – Vetores de Atuação e Papel do Estado”. Uma colaboração informal e alegadamente gratuita.
Marco Capitão Ferreira demitiu-se porque é arguido por corrupção. Mas também é arguido por participação económica em negócio em regime de co-autoria com o Alberto Coelho – foi o então director-geral de Recurso da Defesa Nacional a autorizar a despesa.
O contrato não foi cumprido. Seria um acordo entre DGRDN (Estado) e Capitão Ferreira, mas alegadamente não houve a prestação de serviços estipulada, com prejuízo para o Estado – aqui entra a suspeita de crime de participação económica em negócio.
O Observador perguntou a João Gomes Cravinho se recebeu realmente aconselhamento directo de Marco Capitão Ferreira. O agora ministro dos Negócios Estrangeiros assegurou que nunca houve assessoria por parte de Capitão Ferreira ao então ministro da Defesa (ele próprio).
Este esclarecimento de Cravinho foi dado há praticamente um mês.
Mas entretanto a revista Visão publicou documentos que mostram essa colaboração informal.
E, agora, o gabinete de João Gomes Cravinho admite que Marco Capitão Ferreira fez um serviço de “aconselhamento, não remunerado, em matéria de restruturação das indústrias de defesa”.
Fonte oficial do gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros entende que “não houve qualquer contradição na resposta enviada ao Observador” em Julho. Explica que uma coisa é aconselhamento sobre restruturação das indústrias de defesa, outra é o contrato de assessoria – remunerado – com a DGRDN.