Drones mostraram que os golfinhos-cinzentos não o fazem só por diversão: é um truque para apanhar boleia e conservar energia.
O comportamento lúdico dos golfinhos, conhecido como “bow-riding”, tem intrigado os investigadores há décadas. A mais antiga teoria, que tem reinado, sugeria que os golfinhos o fazem apenas por… diversão. Mas um novo estudo traz-nos uma perspetiva refrescante.
Uma nova investigação publicada a 3 de dezembro na Scientific Reports admite que os golfinhos podem estar a conservar energia ao apanhar uma boleia ao “surfar” nas ondas dos navios, transformando o ato num meio de transporte eficiente.
De qualquer forma, uma explicação não invalida a outra.
A Dra. Dara Orbach, Professora Assistente de Biologia na Texas A&M University-Corpus Christi, explica que a eficiência energética e o prazer não são mutuamente exclusivos.
“Só porque estão a obter um benefício em termos de transporte não exclui a possibilidade de outro propósito, como a diversão”, diz Dara Orbach, Professora Assistente de Biologia na Texas A&M University-Corpus Christi, ao IFL Science: as conclusões do estudo sugerem que andar de proa pode servir tanto para fins práticos como recreativos para os golfinhos, explica.
Para estudar este comportamento, os investigadores utilizaram drones para observar golfinhos-cinzentos (Lagenorhynchus obscurus) ao largo da costa da Nova Zelândia.
Seguindo-os enquanto se deslocavam entre zonas de alimentação ao largo e águas costeiras, a equipa recolheu imagens dos seus movimentos e taxas de respiração. A equipa analisou as imagens do drone para medir as taxas de respiração dos golfinhos, apontando cada vez que os seus espiráculos se abriam e fechavam.
Os resultados revelaram que, enquanto os golfinhos andavam à proa, as suas taxas de respiração diminuíam frequentemente, o que sugere uma redução do esforço energético. Este facto apoia a ideia de que os golfinhos utilizam as ondas dos navios como meio de transporte, poupando energia que, de outra forma, gastariam a nadar.
É interessante notar que o tipo de esteira criada por um navio depende do seu tamanho, peso e velocidade, o que influencia a forma como os golfinhos interagem com ele.
Estas interações fornecem informações sobre os ecossistemas dos golfinhos e podem servir de base à regulamentação marítima para garantir a sua segurança. Por exemplo, a alteração da velocidade dos navios em zonas frequentadas por golfinhos poderia minimizar interações potencialmente perturbadoras.
“Os golfinhos são bioindicadores vitais do seu ambiente, e oferecem pistas sobre a saúde do ecossistema”, afirmou Orbach.
“Compreender o seu comportamento não só enriquece o nosso conhecimento da vida marinha como também ajuda a criar regulamentos que protejam estes animais inteligentes.”