Em maio, um grupo de médicos, nos EUA, tentou transplantar um olho humano, numa intervenção que era, até então, considerada “impossível”. Cinco meses depois, o olho continua saudável.
Apesar de não haver certezas de que o recetor venha a conseguir ver com o novo olho, o procedimento já representa um passo significativo na história da medicina.
Numa cirurgia inédita, uma equipa de cirurgiões liderada por Eduardo Rodriguez, da NYU Langone Health, em Nova Iorque (EUA), transplantou com sucesso um globo ocular.
De acordo com a New Scientist, a operação envolveu mais de 140 profissionais e durou cerca de 21 horas.
A operação ocorreu em conjunto com um transplante parcial de rosto no paciente Aaron James – eletricista de 46 anos que sofreu ferimentos graves, após um choque elétrico.
James perdeu a maior parte do lado esquerdo da face, incluindo o olho esquerdo, depois de ter tocado num fio de alta tensão, que resultou numa descarga de 7200 volts pelo seu corpo.
A complexidade do transplante esteve na extração e no manuseamento da rede de vasos sanguíneos que alimentam o olho, levando à remoção parcial do crânio do doador (falecido).
Durante a cirurgia, a equipa ligou os vasos do doador a outros no rosto do doador, o que permitiu restabelecer o fluxo sanguíneo para o olho, evitando operar perto do cérebro de James.
Cinco meses após o procedimento, o olho transplantado de James está saudável, com fluxo sanguíneo adequado, pressão interna e com capacidade de produzir lágrimas.
Apesar de ainda não poder ver com o olho transplantado, e de talvez nunca poder vir a fazê-lo, Rodriguez realçou o sucesso do procedimento cirúrgico. “Penso que, do nosso ponto de vista, o facto de o indivíduo ter sobrevivido à operação e não termos tido complicações, o que poderia ter havido muitas, é um sucesso“.
“O facto de podermos dar a esta pessoa outra oportunidade de uma vida normal com a possibilidade de alguma forma de visão é maravilhoso“, finalizou.