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Glifosato. Relatório que fez regressar o herbicida perigoso copiou relatórios da Monsanto

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chafermachinery / Flickr

Aplicação de pesticida glifosato num terreno agrícola

Os especialistas contratados pela União Europeia (UE) para avaliar a segurança do herbicida glifosato, suspeito de causar cancro, copiaram 70% do relatório a partir de textos da produtora Monsanto.

O relatório europeu de avaliação dos riscos do glifosato (o herbicida suspeito de poder causar cancro), e que permitiu a renovação da autorização por cinco anos de utilização na União Europeia foi quase totalmente copiado de informações prestadas pela própria indústria que comercializa o produto – a Monsanto.

A conclusão foi revelada num relatório encomendado por deputados europeus mais de um ano após ter sido renovada a autorização de comercialização na Europa, avança o jornal francês Le Monde.

Um grupo de peritos alemães do Bundesinstitut für Risikobewertung (BfR) foi mandatado pela União Europeia para avaliar os riscos do uso do glifosato. Acontece que as 4000 páginas que produziu são, afinal, resultado de cópia e plágio do dossier de homologação produzido pela Monsanto e outras indústrias e entregue às autoridades europeias.

Uma avaliação a esse relatório concluiu que 50% do documento oficial foi plagiado e 70% é resultado de cópia. A análise foi realizada pelo austríaco Stefan Weber e pelo bioquímico Helmut Burstcher, da ONG Global 2000. A avaliação foi pedida por deputados europeus dos Verdes, dos socialistas e do grupo da esquerda unitária

Segundo o Diário de Notícias, desde que o documento do BfR foi apresentado que existiam suspeitas de que este teria sido escrito pela Task Force Europeia do Glifosato – o consórcio de empresas de pesticidas.

Para analisar o documento, os especialistas utilizaram o software WCopyfind para comparar os dois relatórios – o da indústria e o do BfR – e descobriram que “o plágio incidiu exclusivamente nos capítulos que tratam da avaliação de estudos publicados sobre riscos para a saúde relacionados com o glifosato”.

Na prática, cada uma das 58 avaliações chamadas Klimisch de estudos publicados no relatório de avaliação do BfR foram copiadas dos pedidos de aprovação e são apresentadas como avaliações das autoridades.

Já no capítulo sobre os estudos da indústria o método utilizado foi o da cópia e aparece numa percentagem ainda maior (81,4%). Isto significa que a reprodução surge entre aspas.

Como explica o DN, foi este estudo que serviu de base à decisão da autoridade europeia de segurança alimentar (EFSA), tendo os peritos dos estados-membros decidido que o glifosato não podia ser associado diretamente ao risco de cancro. Em março de 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou-o como “provavelmente cancerígeno”.

ZAP //

1 Comment

  1. Outra bandidagem!… Deviam de ir todos presos! Atentado contra a Humanidade!
    Agora imaginem quantos mais relatórios aldrabados existem, e de produtos disponíveis ao público e que fazem um mal terrível.
    Indústria alimentar anda de mãos dadas com as farmacêuticas e uma faz lucrar a outra!…

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