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Rampa de lançamento para os Jogos Olímpicos, este ginásio de boxe está a definhar com a covid

(dr) Jack Losh

East Coast Boxing Club.

O East Coast Boxing Club tira jovens lutadores da rua e dá-lhes uma casa para praticar boxe. Agora, o ginásio atravessa sérias dificuldades devido à covid-19.

Em Kampala, a capital do Uganda, encontra-se o East Coast Boxing Club, um ginásio que servia de rampa de lançamento para os Jogos Olímpicos. Este ginásio de boxe tirava jovens pobres das ruas e dava-lhes a oportunidade de ter uma vida melhor e lutar no maior palco mundial.

Há um ditado que diz: “A dor é temporária. O orgulho é para sempre”. No entanto, nos próximos 18 meses, a dor da pandemia estará longe de ser temporária para esta comunidade. O impacto da covid-19 e dos confinamentos estão a deixar o ginásio numa situação complicada, escreve a VICE.

Embora a primeira vaga tenha sido relativamente benevolente, a variante Delta desencadeou a escassez de oxigénio e levou hospitais a um ponto de rutura, ao mesmo tempo que paralisou empresas e exacerbou a fome entre uma população que enfrenta pobreza e desemprego generalizados. O East Coast Boxing Club não passou ao lado.

Hassan Khalil, de 58 anos, fundou o ginásio com o seu irmão gémeo, com a missão de ajudar a comunidade, afastando os jovens lutadores das ruas.

Promovendo a disciplina, criaram um paraíso do boxe para os jovens locais e angariaram fundos cobrando expatriados ricos para treinar na academia, incentivando-os a patrocinar adolescentes na escola.

“A maioria dos nossos rapazes vem da rua. Eles não precisam de pagar. Eles não conseguem pagar”, disse Khalil.

Apesar dos recursos limitados, começaram a formar campeões, vencendo campeonatos nacionais e levando lutadores para a seleção nacional. Shadir Bwogi, por exemplo, competiu este ano nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

“Sou apenas um velho”, disse Khalil. “Eu vivi a minha vida. Mas esses rapazes são o futuro. Quero aumentar a comunidade e tornar este um lugar melhor”.

O confinamento no Uganda afetou severamente o ginásio. As proibições de viagens impediram os seus lutadores de competir nas eliminatórias olímpicas em França e os expatriados ricos saíram do país para a Europa, deixando o ginásio sem financiamento. À medida que os expatriados saíam, o dono do ginásio viu a receita descer em 80%.

As sessões de treino foram reduzidas drasticamente e tiveram de ser feitas no exterior, com apenas um punhado de lutadores de cada vez.

“Quando o boxe parou, eu não tinha dinheiro para comer”, disse o jovem lutador Miiro Juma, medalha de bronze nos Jogos da Commonwealth de 2018.

O confinamento também deixou muitos jovens lutadores sem emprego, que lhes permitia pagar as contas e a renda da casa.

No final de julho, o presidente do Uganda, Yoweri Museveni, aligeirou o confinamento. Ainda assim, os ginásios foram condenados a permanecer fechados.

Para Khalil, ainda há esperança. Os Jogos da Commonwealth do próximo ano no Reino Unido oferecem um farol para orientar os seus lutadores.

Daniel Costa, ZAP //

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