Ao mesmo tempo que vendem alimentos ultraprocessados, investem em empresas farmacêuticas e em produtos de perda de peso. Um mercado muito lucrativo.
Quando pensamos em Nestlé, pensamos em chocolates. Em doces, em aumentar o peso. E rende: são milhares de milhões de euros de lucro por ano.
Mas a Nestlé não se dedica apenas aos chocolates.
O Reporterre destaca os casos de Nestlé, La Laitière e Herta – as duas últimas marcas também estão dentro da Nestlé: todas vendem alimentos ultraprocessados mas também estão dentro de outro mercado, que parece o oposto.
Os alimentos dessas marcas têm muitos emulsificantes – que têm sido cada vez mais associados a doenças nos intestinos.
E esta investigação revela que a Nestlé está a investir em pesquisas para desenvolver um medicamento… contra essas doenças.
Em termos concretos, alega o site, a Nestlé expõe os clientes a alimentos ultraprocessados – de forma excessiva – e depois financia programas de perda de peso.
Recorde-se que a própria Nestlé chegou a admitir que mais de 60% dos seus produtos não são bons para a saúde. E afinal também investe em diversas empresas farmacêuticas.
Entre as grandes empresas do mercado, a Nestlé é responsável por mais de metade destes investimentos.
Mas não está sozinha: Danone e Unilever também entram.
Nos últimos 20 anos, investiram muito em quase 90 empresas no sector farmacêutico, em suplementos alimentares ou em produtos de perda de peso. Investimento, ou directo, ou através de subsidiárias ou fundos de investimento.
Estas gigantes agroalimentares estão a investir em medicamentos, soluções ou alimentos saudáveis… supostamente para ajudar a combater problemas criados por alimentos ultraprocessados que elas próprias vendem (como obesidade, diabetes, risco de cancro ou doenças intestinais).
A Unilever vende gelados como Magnum e Ben & Jerry’s, mas ao mesmo tempo é uma das principais investidoras do HealthifyMe, uma aplicação de exercícios físicos e combate às calorias, utilizada por 35 milhões de pessoas.
Já a Danone investiu em probióticos ou em gomas que ajudam na digestão – enquanto deixou de exibir o Nutri-score nos iogurtes líquidos Actimel ou Activia.
Um caso concreto, em França: a Nestlé investiu 40 milhões de euros numa empresa de biotecnologia. A prioridade é desenvolver e comercializar medicamentos para tratar doenças inflamatórias intestinais – que estão associadas ao consumo de… produtos processados. Como os da Nestlé.
A Nestlé deixou um esclarecimento: está interessada apenas em progressos na saúde, nunca em possíveis interesses económicos.