Gigante holandês “pesca” navios bacalhoeiros portugueses

A Parlevliet & Van der Plas – empresa pesqueira dos Países Baixos – está a aproveitar-se das política de pesca portuguesas para dominar o mercado do bacalhau. Neste momento, apenas entre 4% e 5% do bacalhau é capturado por embarcações portuguesas. Mas, afinal, do que beneficiam os holandeses?

A companhia holandesa Parlevliet & Van der Plas está a servir-se de navios bacalhoeiros portugueses para enriquecer.

A empresa, que em 2015 comprou navios portugueses em Aveiro, mas nunca teve a intenção de utilizar o navio, conta o jornal Público.

Na realidade, a empresa tinha apenas interesse nas quotas de pesca que lhe estavam associadas… mas porquê?

Mais do que navios, as empresas de pescas precisam de quotas que lhe garantam o direito a zonas de pesca específicas. Em Portugal, tal como noutros países da União Europeia (UE), as quotas (ou “os direitos”) estão diretamente ligadas aos barcos.

Sendo as quotas de bacalhau muito valiosas, a Parlevliet & Van der Plas comprou os três bacalhoeiros da companhia portuguesa Verdemar – “uma empresa portuguesa que ao longo dos anos foi adquirindo embarcações de pesca a pequenas empresas familiares domiciliadas em Aveiro”, explica o matutino.

Ou seja, a expansão da companhia apenas foi possível devido à política comum de pescas da UE; e a um sistema que permite que quotas sejam transferidas entre navios e companhias.

Este “negócio português” ajudou a Parlevliet & Van der Plas a conseguir mais acesso ao lucrativo bacalhau em águas norueguesas e em águas internacionais do Atlântico Norte, bem como na área que rodeia Svalbard (arquipélago a norte da Noruega).

Atualmente, apenas entre 4% e 5% do bacalhau é capturado por embarcações portuguesas.

Dick Parlevliet, diretor executivo e proprietário da companhia, rejeita, no entanto, a ligação entre as suas atividades empresariais e o declínio das empresas portuguesas: “O PP Group permite que as empresas locais continuem as suas operações com a mesma equipa e salários. Portanto, não há impacto socioeconómico”, garantiu ao Público.

A Parlevliet & Van der Plas tem, atualmente, 50 embarcações com dez bandeiras diferentes.

A pesca intensiva e as alterações climáticas estão a tornar o bacalhau cada vez mais caro e as quantidades à venda também são cada vez menores.