A Gestifute cobrou ao Mónaco várias comissões sem IVA em negócios envolvendo Falcao, Coentrão e Fabinho. O Fisco irlandês apercebeu-se e foi implacável.
Volvidos quase três anos desde as últimas revelações do Football Leaks, o projeto criado por Rui Pinto continua a dar pano para mangas. Rui Pinto partilhou uma série de documentos com dois jornalistas da revista alemã Der Spiegel, que consequentemente os partilharam com um consórcio de jornalistas de investigação, o European Investigative Collaborations (EIC).
A Gestifute, de Jorge Mendes, é mais uma vez uma das visadas. A empresa enviou ao Mónaco várias faturas livres de impostos a respeito de negócios de jogadores como Radamel Falcao, Fábio Coentrão e Fabinho, escreve o semanário Expresso.
Em 2016 e 2017 a Gestifute cobrou ao Mónaco várias comissões sem IVA. Assim, perante uma fatura de 276 mil euros, o emblema monegasco transferiu a totalidade desse valor para uma conta da Gestifute International no Allied Irish Banks.
O mesmo procedimento voltou a verificar-se outra vezes: a 30 de setembro de 2016, relativamente ao negócio de Fabinho, no valor de 90 mil euros; a 30 de setembro de 2017, novamente no acordo do brasileiro, no valor de 75 mil euros; e a 3 de julho de 2017, pela intermediação do contrato de Radamel Falcao, cuja comissão foi no valor de 560 mil euros.
A administração tributária irlandesa tropeçou nestas faturas com 0% de IVA e obrigou a empresa de Jorge Mendes a liquidar IVA a 23% relativamente aos serviços prestados ao Mónaco.
Como tal, mais tarde, em abril de 2018, a Gestifute enviou novas faturas exigindo aos monegascos o pagamento de 365 mil euros adicionais.
“Devido à dimensão, escala e complexidade da empresa Gestifute International Limited, que é considerada uma empresa de grande dimensão pela administração fiscal aqui na Irlanda, parte da sua normal atividade comercial inclui interações com a autoridade tributária em relação a assuntos fiscais. A empresa recentemente teve uma conversação com as autoridades relativamente ao cumprimento das regras de IVA”, lê-se na carta enviada ao Mónaco.
Os documentos do Football Leaks revelaram ainda que o Real Madrid terá aceitado receber 200 milhões de euros através de duas empresas sediadas num paraíso fiscal nas Ilhas Caimão. O clube merengue terá prosseguido com o negócio mesmo com a noção de que poderia vir a ter problemas com o Fisco espanhol, escreve o Observador.