Nova gestão da Saúde tem marca do Porto. PR à espera de respostas do Governo para promulgar direção do SNS

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Rodrigo Nunes / Lusa

Em Angola, Marcelo Rebelo de Sousa explicou que dirigiu ao Governo um “conjunto de dúvidas específicas” sobre o diploma, pelo que está a aguardar a “resposta” ou o “silêncio” para tomar uma decisão final.

As alterações no Ministério da Saúde motivadas pelo pedido de demissão de Marta Temido vão deixar o comando do organismo (assim como a área da Saúde) em mãos de diversas personalidades com ligação ao Porto e, mais especificamente, ao Centro Hospitalar e Universitário de São João. Tal verifica-se com, o nome escolhido por António Costa para ministro da Saúde, mas também com Margarida Tavares, que ocupará o cargo de secretária de Estado da Promoção da Saúde. Até agora, a nova governante desempenhava funções como médica e coordenadora do internamento e da Unidade de Doenças Infeciosas da mesma instituição.

Mais recentemente, escreve o Diário de Notícias, teve um papel preponderante no desenho da estratégia nacional de controlo das infeções sexualmente transmissíveis, tendo sido igualmente porta-voz da Direção Geral da Saúde para a gestão do monkeypox.

A presença do norte na gestão da área da Saúde em Portugal ficará ainda mais reforçada com Fernando Araújo, novo diretor-geral do SNS, e atual presidente do conselho de administração do CHUSJ. De acordo com a mesma fonte, o médico ainda não terá aceitado oficialmente o convite, estando a negociar as condições com Manuel Pizarro, de quem é próximo há muitos anos. Uma das exigências de Fernando Araújo, avança o Porto Canal, é que a estrutura da nova direção do Serviço Nacional de Saúde fique no Porto.

Atualmente, a efetivação carece da promulgação da lei que cria o cargo por parte do Presidente da República. Ontem, em Angola, Marcelo Rebelo de Sousa explicava que dirigiu ao Governo um “conjunto de dúvidas específicas” sobre o diploma, pelo que está a aguardar a “resposta” ou o “silêncio” para tomar uma decisão final.

“Confesso que foi dirigido ao Governo um conjunto de dúvidas específicas, não são de fundo, quatro ou cinco [dúvidas], sobre aspetos que têm a ver com esse novo diploma”, adiantou o chefe de Estado. “Vamos ver se as resposta chegam ou não chegam, qual é a resposta, e se o silêncio ou a resposta são suficientes para limitar ou atrasar aquilo que todos desejamos, que é a promulgação da regulamentação do estatuto do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

Com Manuel Pizarro, Margarida Tavares e Fernando Araújo, a única exceção no que respeita à representatividade da zona norte tem que ver com Ricardo Mestre, novo secretário de Estado da Saúde, natural de Serpa, no Alentejo. Chega ao Ministério da Saúde depois de passar pela DGS (como subdiretor) e de ter integrado a Administração Central do Sistema de Saúde, entre 2012 e 2016.

Reconhecimento dos problemas

No seu primeiro ato como ministro da Saúde, Manuel Pizarro, reconheceu que o Serviço Nacional de Saúde tem problemas e dificuldades, no entanto, não deixa de ser “um serviço público em que os portugueses podem confiar” — lembrando, por exemplo, os “anos terríveis de pandemia”. “Mesmo em comparação com outros serviços públicos de saúde de países mais ricos que nós, podemos ver o nosso Serviço Nacional de Saúde a dar uma resposta, baseada sobretudo no esforço e na dedicação dos seus profissionais”, fez questão de estabelecer.

Nas suas declarações, fez ainda questão de estabelecer as linhas gerais do seu mandato. “Quando reafirmamos o nosso compromisso com os valores do SNS, não podemos esquecer que esses valores têm de ter uma atualização, uma modernização dos serviços. Defender o SNS não pode ser uma atitude conservadora em relação a tudo o que temos e à forma de organizar os serviços”.

ZAP //

1 Comment

  1. O ministro A da Saúde, passa a ser o corta-fitas e o papagaio para a comunicação social. O ministro B da Saúde, passa ser o escravo de serviço em quem cairá a porrada pelos males do SNS. Só com uma ministra, tudo estava de pantanas. Agora com dois ministros, tudo vai andar de vento em popa.

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