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Geólogos resolvem mistério de vestígios de animais em rochas antigas

Stefan Bengtson / Museu Sueco de História Natural

Quartzito com vestígios de animais enterrados.

Uma equipa de geólogos encontrou tocas semelhantes às que os crustáceos fazem na areia num quartzito australiano. O mistério instalou-se quando os cientistas se aperceberam de que o sedimento arenoso é mil milhões de anos mais velho do que os animais mais antigos conhecidos.

Os animais tendem a deixar vestígios por onde passam. Exemplo disso são as tão famosas pegadas de dinossauros, que revelam como é que estes animais antigos se moviam, procuravam alimento ou interagiam com outros.

Os vestígios fósseis são sempre tão antigos quanto o mundo animal, por isso é que a descoberta na Austrália Ocidental deixou os geólogos perplexos.

O quartzito é tão duro quanto o betão“, pelo que é impossível os animais penetrarem nele durante a escavação, disse Bruce Runnegar, professor da UCLA e coautor da nova investigação, publicada esta semana na Proceedings of the National Academy of Sciences.

Os vestígios tiveram de ser feitos quando a areia ainda estava solta. No entanto, “a areia foi depositada há 1,7 mil milhões de anos – mil milhões de anos antes do aparecimento dos primeiros animais no registo fóssil – e a sua transformação em quartzito ocorreu há mais de 1,2 mil milhões de anos, muito antes dos fósseis de animais mais antigos, que têm menos de 0,6 mil milhões de anos”.

O enigma tem agora uma explicação. Segundo o Phys, a equipa mediu a idade da areia nas tocas utilizando minerais radioativos pouco usuais, uma técnica que ajudou a resolver o mistério.

“A areia revelou-se mais de mil milhões de anos mais nova do que o quartzito envolvente”, disse a coautora Birger Rasmussen, professora na Universidade da Austrália Ocidental. “As tocas podem mesmo ter sido feitas por animais.”

Mas como é que os animais conseguiram penetrar no quartzito? Primeiro, os grãos separaram-se nas superfícies de contacto, resultando numa matriz friável, e depois foram fundidos novamente através da deposição posterior de quartzo, devolvendo a rocha ao estado de quartzito duro.

Estes dados permitiram abrir uma janela temporal: através de comparações com os estratos sedimentares circundantes, os cientistas puderam datar esta janela para cerca de 40 milhões de anos atrás, durante o Eoceno.

Liliana Malainho, ZAP //

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