De acordo com um novo estudo, que analisou os perfis genéticos de populações de polvos nos mares de Weddell, Amundsen e Ross, houve um colapso total da camada de gelo da Antártida Ocidental há 120 mil anos.
A genética do polvo Pareledone turqueti contém um grave alerta para o aumento do nível do mar: a camada de gelo da Antártida Ocidental pode ter colapsado totalmente durante o Último período Interglacial, há cerca de 120 mil anos, quando as temperaturas globais eram semelhantes às atuais.
As conclusões são de um novo estudo, liderado por investigadoras da Universidade James Cook, Austrália, em que participa Catarina Silva, investigadora do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).
O estudo, que acaba de ser publicado na revista Science, fornece a primeira evidência empírica de que o colapso desta camada de gelo antártico pode acontecer mesmo sob as metas do Acordo de Paris, de limitar o aquecimento a 1,5-2 graus celsius (ºC).
De acordo com Catarina Silva, co-autora do artigo científico, a investigação ajuda a compreender se a camada de gelo da Antártida Ocidental colapsou ou não num passado recente, quando as temperaturas globais eram semelhantes às de hoje, aumentando a precisão das futuras projeções globais de aumento do nível do mar.
“Esta questão é muito importante, porque um futuro colapso total da camada de gelo da Antártida Ocidental pode levar ao aumento do nível global do mar de 3 a 5 metros”, alerta a investigadora do Centro de Ecologia Funcional (CFE) do DCV.
A análise genética de Pareledone turqueti “permitiu identificar se e quando as populações estiveram em contacto e trocaram material genético. Comparámos os perfis genéticos das populações nos mares de Weddell, Amundsen e Ross e encontrámos conectividade genética que remonta ao Último Interglacial”, conclui a investigadora.
Esta conectividade genética só seria possível se tivesse ocorrido um colapso completo da camada de gelo da Antártida Ocidental durante o Último Interglacial, abrindo rotas marítimas ligando os atuais mares de Weddell, Amundsen e Ross.
Tal teria permitido que o polvo atravessasse o estreito aberto e trocasse material genético, que podemos identificar no ADN das populações atuais.
As descobertas deste estudo apoiarão a tomada de decisões em torno de medidas de adaptação e mitigação nas regiões costeiras de todo o mundo.
ZAP // Notícias UC
Em outras palavras à 120 mil anos atrás, “houve um aquecimento GLOBAL”!!!.