De cuidadores de gatos exóticos a assistentes da sanita. Os empregos mais estranhos na realeza britânica

Uma nova exposição no Palácio de Kensington revela detalhes sobre as profissões mais inusitadas que já existiram na corte britânica.

O Palácio de Kensington, uma residência real histórica, está a acolher uma nova exposição intitulada “Untold Lives” (Vidas não contadas), que se debruça sobre as contribuições, muitas vezes negligenciadas, do pessoal do palácio que apoiou a monarquia inglesa de 1660 a 1830. A exposição destaca os papéis nos bastidores que foram cruciais para a manutenção da vida do palácio, desde amas de leite a picadores de gelo e matadores de ratos.

Com curadoria de Sebastian Edwards e Mishka Sinha, a exposição pretende revelar as histórias destes heróis desconhecidos através de uma coleção de objetos inesperados. Um dos destaques da exposição é uma grande serra utilizada pelas funcionárias do palácio Frances Talbot e Louisa Flint para cortar gelo de rios e lagos para as bebidas frias e sobremesas da realeza, explica a Smithsonian Mag.

“A investigação para esta exposição revelou toda uma série de funções e pessoas fascinantes que mantiveram os palácios a funcionar durante séculos”, afirma Edwards. “O seu trabalho tem sido crucial, mas as suas histórias permanecem em grande parte por contar, e esperamos agora dar-lhes visibilidade”.

No seu auge, a casa de um monarca britânico podia incluir até 2000 pessoas, cada uma desempenhando funções específicas e por vezes invulgares. A exposição está dividida em salas temáticas para gerir esta vasta história.

Na sala “Cuidado e intimidade”, os visitantes podem ver um avental usado por Ann Elizabeth Thielcke, a criada de quarto da Rainha Charlotte. A sala “Skills and Expertise” apresenta não só o vestido da rainha e a serra de gelo, mas também um balde de incêndio de meados do século XVIII, em homenagem aos criados que salvaram o Palácio de Kensington de um incêndio em três ocasiões distintas.

A exposição também destaca a diversidade e a singularidade das funções no palácio. As amas de leite cuidavam e amamentavam as crianças reais, enquanto outras funções incluíam um matador de ratos, um assistente da sanita que tratava das necessidades de higiene do monarca e um tratador de gatos selvagens responsável pelos tigres reais de estimação.

Com a expansão do Império Britânico, a diversidade do staff da família real aumentou. Uma fotografia do artista Peter Brathwaite dá vida a um trompetista e cortesão negro representado numa pintura na King’s Staircase de Kensington. Além disso, a série de pratos de cerâmica do artista Matt Smith conta a história de um cavalheiro que foi despedido da corte da Rainha Charlotte depois de ter sido apanhado numa situação comprometedora no Hyde Park.

Mishka Sinha sublinha a importância de trazer à luz estas histórias ocultas. “Os legados dos trabalhadores do palácio são muitas vezes simplesmente invisíveis. Ao juntar fragmentos da sua história e apresentar objetos aparentemente comuns, podemos construir uma rica tapeçaria de histórias únicas das pessoas reais por detrás do glamour da corte. O seu trabalho físico árduo e as suas competências extraordinárias garantiram a proteção e a continuidade da casa real”, afirma.

A exposição decorre até ao 27 de outubro, oferecendo aos visitantes um raro vislumbre das vidas daqueles que mantiveram a roda real a girar.

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