Investigadores da Universidade da Califórnia, Riverside acreditam que falta algo na lista de componentes químicos na atmosfera: o gás hilariante.
As bioassinaturas são componentes químicos na atmosfera de um planeta que podem ser indicativos de vida, e incluem frequentemente gases que são abundantes na atmosfera do nosso planeta, realça a Interesting Engineering.
“Tem-se pensado muito em oxigénio e metano como bioassinaturas. Menos investigadores têm considerado seriamente o óxido nitroso, mas pensamos que isso pode ser um erro”, afirmou Eddie Schwieterman, astrobiólogo do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias da UCR, em comunicado.
Schwieterman liderou uma equipa de investigadores num estudo publicado a 4 de outubro no The Astrophysical Journal, que determinou a quantidade de óxido nitroso que os seres vivos num planeta semelhante à Terra poderiam eventualmente produzir.
Os investigadores criaram modelos que simularam a órbita do planeta em torno de vários tipos de estrelas, e calcularam a quantidade de óxido nitroso (N2O) que poderia ser detetada por um observatório como o Telescópio Espacial James Webb.
“Num sistema estelar como o TRAPPIST-1, o sistema mais próximo e o melhor para observar as atmosferas dos planetas rochosos, pode-se possivelmente detetar óxido nitroso a níveis comparáveis ao CO2 ou ao metano“, explicou Schwieterman.
O óxido nitroso, ou N2O, é um gás produzido de várias formas por seres vivos. Outras moléculas de azoto são constantemente convertidas em N2O por microrganismos, através de um processo metabólico capaz de produzir energia celular útil.
“A vida gera produtos de resíduos de azoto que são convertidos por alguns microrganismos em nitratos. Num aquário de peixes, estes nitratos acumulam-se, razão pela qual se tem de mudar a água”, referiu Schwieterman.
“Contudo, nas condições certas no oceano, certas bactérias podem converter esses nitratos em N2O”, notou Schwieterman. “O gás vaza então para a atmosfera“.
O N2O pode ser encontrado numa atmosfera e ainda não ser um sinal de vida, algo que foi tido em conta no estudo de Schwieterman. Por exemplo, os raios podem produzir uma pequena quantidade de óxido nitroso.
No entanto, os raios também produzem dióxido de azoto, o que faz com que os astrobiólogos acreditem que o gás foi produzido por processos meteorológicos ou geológicos não vivos.
Os investigadores que consideram o N2O um gás de bioassinatura já chegaram à conclusão de que seria impossível detetar até determinada distância.
De acordo com Schwieterman, esta conclusão baseia-se nas atuais concentrações de N2O na atmosfera terrestre. Alguns pensam que também seria difícil de detetar noutro lugar, porque não há muito dele neste planeta, que está repleto de vida.
“Esta conclusão não explica os períodos da história da Terra em que as condições oceânicas teriam permitido uma libertação biológica muito maior de N2O. As condições nesses períodos podem espelhar onde é que se encontra um exoplaneta hoje em dia”, sublinhou Schwieterman.
Segundo Schwieterman, estrelas comuns como K e M anãs emitem um espectro de luz que é menos eficaz do que o nosso sol, na dissolução da molécula N2O.
Quando estes dois efeitos se combinam, a concentração estimada deste gás de bioassinatura num mundo povoado pode ser significativamente aumentada.