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GalSafe é o primeiro porco geneticamente modificado para uso alimentar e médico

A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou um porco geneticamente modificado para consumo humano e uso terapêutico. O animal foi alterado de modo a ser livre de uma determinada molécula de açúcar, responsável por reações alérgicas graves em algumas pessoas.

A aprovação da FDA é um marco, pois é apenas a segunda vez que um animal geneticamente modificado foi aprovado para consumo humano nos Estados Unidos. O porco segue-se ao salmão que teve essa mesma aprovação em 2015, ainda que tenha sido controversa.

O tipo de porco geneticamente modificado foi chamado de GalSafe, e tem um único gene ajustado para eliminar a presença de uma molécula de açúcar chamada alfa-gal. Acredita-se que as alergias aos açúcares alfa-gal sejam desencadeadas principalmente por picadas de carrapatos.

“A primeira aprovação de um produto de biotecnologia animal para alimentos e como uma fonte potencial para uso biomédico, representa um grande marco para a inovação científica”, disse Stephen Hahn, membro da FDA.

Embora a recente aprovação cubra o uso médico, o FDA sugere que outros processos serão necessários antes que medicamentos possam ser implantados comercialmente. Esses usos médicos poderiam, hipoteticamente, envolver os porcos, sendo que estes seriam usados ​​para cultivar tecidos ou órgãos para transplante humano.

A XenoTherapeutics, uma empresa privada de pesquisa e desenvolvimento, já está a trabalhar num ensaio clínico de Fase 1 em humanos, onde está a usar produtos de porco GalSafe para aplicações biomédicas. O ensaio é o primeiro a explorar a segurança dos transplantes de pele para vítimas de queimaduras graves usando tecido de porcos GalSafe.

A FDA diz que a aprovação determina que os porcos GalSafe são seguros para consumo humano. No entanto, apesar de os animais geneticamente modificados não conterem níveis detetáveis ​​de açúcares alfa-gal, não houve testes para determinar se a carne previne reações alérgicas em humanos.

Um porta-voz da empresa produtora de suínos geneticamente modificados disse que não há planos imediatos de vender comercialmente a carne para consumo humano. A declaração de aprovação da FDA sugere que qualquer venda inicial de carne ocorrerá apenas por correspondência e não há planos atuais para a carne GalSafe estar disponível em supermercados, pelo menos para já.

“Como parte de nossa missão de saúde pública, a FDA apoia fortemente o avanço de produtos inovadores de biotecnologia animal que são seguros para os animais, seguros para as pessoas e alcançam os resultados pretendidos”, disse Hahn no relatório de aprovação do FDA.

O especialista acrescenta ainda que “a ação de hoje ressalta o sucesso da FDA em modernizar os nossos processos científicos para otimizar uma abordagem baseada no risco que avança com inovações de ponta nas quais os consumidores podem ter confiança”.

Ana Moura, ZAP //

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