Ave foi identificada em Portugal há quase seis anos. No mês passado, foi avistada em Israel. Terá percorrido mais de 4 mil quilómetros. Recorde “é um registo impressionante”.
Uma gaivota-de-patas-amarelas, identificada em Portugal em 2019 quando era ainda uma cria, bateu recentemente um novo recorde mundial para a mais longa viagem alguma vez registada da espécie.
A notícia foi avançada pelo The Jerusalem Post esta segunda-feira e confirmada ao ZAP pelo conservador marinho Nuno Oliveira quase 6 anos depois de colocar uma anilha na ave recordista no Arquipélago das Berlengas, que permitiu o avistamento da campeã.
Em fevereiro passado, a gaivota foi avistada em Israel, no reservatório de Shdot Yam, em Emek Hefer, por dois guardas florestais da Autoridade da Natureza e dos Parques de Israel (INPA). A sua viagem é a mais longa migração conhecida da espécie: percorreu mais de 4 mil quilómetros — quase o dobro do recorde anteriormente registado, que era, segundo o investigador Amar Ayyash, de apenas 1.840 quilómetros.
“É um registo impressionante“, começa por dizer Nuno Oliveira ao ZAP: trata-se de uma ave já adulta, por isso, ainda mais interessante é”.
“A gaivota-de-patas-amarelas é considerada uma espécie residente, ou seja, não migratória. Apesar de ter movimentos dispersivos após a época de reprodução. Estes movimentos costumam ser maiores durante os primeiros anos de vida”, explica o biólogo português, que por sua vez situa o recorde anterior para Este nos 2.500 quilómetros, registados em voos das gaivotas das Berlengas até Múrcia, Espanha.
A marcação das gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis) e de outras espécies com anilhas coloridas, sendo uma ferramenta de baixo custo, permite aos investigadores “obter informação sobre diversos aspetos da vida das aves”, como os movimentos, sobrevivência individual, áreas de invernada ou reprodução, explica Nuno Oliveira: “possibilita a observação e leitura do código nas anilhas à distância, tirando proveito de um número cada vez maior de observadores de aves, um pouco por todo o mundo, alguns que são grandes entusiastas pela observação de aves anilhadas”.
Os projetos de marcação são específicos para cada espécie e são coordenados ao nível nacional pela Central Nacional de Anilhagem do ICNF e a nível europeu pela Euring.
Viajam mais do que nós pensamos.