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Furacões com nomes femininos matam três vezes mais (porque ninguém os leva a sério)

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NASA Goddard Space Flight Center

O furacão Irene visto pela Expedição 28 da Estação Espacial Internacional

O furacão Irene visto pela Expedição 28 da Estação Espacial Internacional

Segundo um estudo conduzido por investigadores norte-americanos, as pessoas não levam os perigos dos furacões tão a sério se eles têm um nome feminino.

Um novo estudo, realizado por investigadores da Universidade do Illinois e da Universidade Estadual do Arizona, nos Estados Unidos, e publicado na conceituada revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, permitiu concluir que a maior parte das  pessoas não levam a sério os furacões com nomes femininos.

E as consequências disso são mortais.

Os cientistas concluíram que, nos Estados Unidos, as tempestades com nomes femininos  são mais mortíferas, porque as pessoas não as consideram tão arriscadas, nem tomam as mesmas precauções que tomariam com tempestades com nomes masculinos.

Os autores do estudo examinaram seis décadas de taxas de mortalidade de furacões de acordo com o género do seu nome, abrangendo os anos de 1950 a 2012.

Dos 47 furacões mais prejudiciais, os que tinham nome feminino produziram uma média de 45 óbitos, em comparação com 23 causados por furacões de nomes masculinos. O estudo excluiu os furacões Katrina e Audrey, tempestades muito graves, que enviesariam o modelo – curiosamente, acentuando a tendência.

A diferença nas taxas de mortalidade entre os géneros é ainda mais pronunciada quando os pesquisadores comparam nomes fortemente masculinos com fortemente femininos. “O nosso modelo sugere que mudar o nome de um furacão grave de Charley para Eloise pode quase triplicar o seu número de mortos”, escreveram os autores do estudo.

Sexismo implícito

Segundo Sharon Shavitt, professora de marketing na Universidade do Illinois, os resultados mostram um “sexismo implícito – ou seja, tomamos decisões sobre tempestades com base no género do seu nome, sem sequer pensar nisso.

Para confirmar a hipótese de que o género dos nomes das tempestades de facto influencia os julgamentos das pessoas, os investigadores criaram 6 experiências, nas quais apresentaram uma série de perguntas a 346 pessoas. E o sexismo apareceu de novo.

Numa das experiências, os entrevistados previram que os furacões masculinos seriam mais intensos. Em outra experiência, o sexo do nome do furacão afectou a forma como os entrevistados disseram que se preparariam para ele.

“As pessoas que imaginaram um furacão ‘feminino’ não estavam tão inclinadas a procurar abrigo”, explicou Shavitt. “Os estereótipos subjacentes a estes julgamentos são subtis e não necessariamente hostis em relação às mulheres – podem envolver a visão das mulheres como mais carinhosas e menos agressivas do que os homens”.

 

Nos Estados Unidos, os furacões são baptizados desde 1950. Originalmente, apenas nomes femininos eram usados, e só em 1979 começaram a ser introduzidos nomes masculinos .

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2 Comments

    • Sexismo: saber que o género (sexo) existe e insistir em não o negar. Crime!
      Noite e Dia ? Para abolir! Só pode haver luzes de dia e de noite ou então Nunca.
      Quente e frio? Discriminação! Ou se tem AC todos os dias (noites?) ou Aquecimento ligado em todas as estações, senão é discriminação!
      Tudo o que é diferente não pode ser reconhecido como tal, senão é discriminação. Estamos tão atrasados… deveríamos todos ser cegos, surdos, desprovidos de tacto e de olfacto, isso já ajudaria a combater este crime horrento de distinguir as coisas diferentes!
      Maldita natureza! Será que ninguém arranja maneira de acabar com Ela para dar uma ajudinha a este combate em prol da… shit4brains ?

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